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Iraquianos foram estuprados, eletrocutados e espancados em uma ‘prisão secreta’ em Bagdá, informou a entidade de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch nesta quarta-feira, em um relatório de conteúdo terrível, que remete aos abusos cometidos em Abu Ghraib.
A entidade entrevistou 42 homens que foram recentemente transferidos da prisão onde eles afirmam ter sofrido agressões para outra cadeia em Bagdá, depois que as informações sobre má conduta foram transmitidas ao governo.
A Human Rights Watch descreveu as acusações de abuso feitas pelos prisioneiros como "concretas e consistentes", completando que há necessidade de uma investigação independente e imparcial.
"O horror que encontramos sugere que a tortura era a regra em Muthanna", afirma o subdiretor para o Oriente Médio da entidade, Joe Stork, referindo-se à prisão localizada no leste de Bagdá, onde havia presos até recentemente. "O governo precisa processar todos os responsáveis por essa brutalidade sistemática."
Os detidos são suspeitos insurgentes árabes do nordeste da província de Nineveh, que foram presos entre setembro e dezembro do ano passado, de acordo com o relatório.
A existência da prisão causou preocupação no primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, cujos funcionários afirmaram que a cadeia foi fechada há duas semanas após as acusações terem sido publicadas pela primeira vez no Los Angeles Times.
De acordo com a entidade de defesa dos direitos humanos, os guardas penduravam os presos com os olhos vendados de cabeça para baixo durante os interrogatórios, espancavam e chutavam os detidos e posteriormente colocavam um saco plástico em suas cabeças para sufocá-los.
Quando desmaiavam, os presos eram acordados por choques elétricos na genitália ou em outras partes do corpo, informa o relatório.
Os presos, que foram interrogados na prisão de Al-Rusafa em 26 de abril, afirmaram à Human Rights Watch que os interrogadores e seguranças sodomizaram alguns deles com cabos de vassoura e canos de pistola.
Alguns jovens afirmaram terem sido forçados a realizar sexo oral nos interrogadores e guardas, de acordo com o relatório, e afirmam terem sido espancados com cabos, queimados com ácido e cigarros, e tiveram seus dentes quebrados.
"O que aconteceu em Muthanna é um exemplo dos abusos horrendos que os dirigentes iraquianos afirmam querer deixar para trás", disse Stork. "Todos são culpados e precisam ser responsabilizados."
Um dos oito depoimentos de prisioneiros ouvidos pela Human Rights Watch descreveu como um médico que estava preso avisou os guardas de que seu companheiro de cela poderia estar tendo hemorragia interna, e pediu atendimento médico.
"Os guardas levaram o homem, que tinha sido torturado, e quando voltaram, uma hora depois, afirmaram que ele estava bem. Ele morreu na cela uma hora depois", afirma.
O relatório aponta similaridades com os abusos ocorridos em Abu Ghraib, prisão localizada no oeste de Bagdá, em 2004, onde militares americanos torturaram prisioneiros iraquianos em um escândalo que chocou o mundo.
Os métodos são parecidos com os utilizados nas prisões que existiam durante o regime do ex-ditador Saddam Hussein, abusos que foram usados parcialmente para justificar a invasão americana no Iraque em 2003.