Como a indústria fonográfica ainda está em cima do muro, sem conseguir determinar qual formato sucederá o CD, o quase nova-iorquino Bruce Springsteen, nascido há 55 anos em Nova Jersey, lança seu 19º álbum, o segundo solo, Devils & dust em dual disc. Ou seja, são dois discos, sendo um CD com 12 canções e um DVD com as mesmas músicas remixadas em surround 5.1, além de videoclipes, como o da faixa-título. A música foi escrita em 2003, inspirada na invasão do Iraque pelas forças americanas, e logo juntou-se às composições que ficaram de fora de The ghost of Tom Joad, de 1995, seu primeiro álbum solo. As comparações com Nebraska, de 1982, feito de músicas demo gravadas no seu estúdio-garagem, são inevitáveis. São discos que trazem o lado intimista do homem cujo trabalho de estréia, em 1973, foi chamado de “a salvação do rock”.

Embora as turnês de lançamento de Devils repitam a performance solo de Ghost
–voz, violão e gaita –, o disco é mais complexo. Algumas das faixas têm arranjos de cordas e teclados, mas, em sua maioria, são apoiadas pelos vocais da esposa, Patti Scialfa, e da violinista Soozie Tyrell, pelo baixo de Brendan O’Brien e pela bateria de Steve Jordan, da banda Expensive Winos, do Stone Keith Richards. Springsteen, ou The Boss para os íntimos, desfia com sua voz esgarçada histórias de gente comum, de várias etnias. Soa desesperançado nas solitárias Black cowboys, The hitter e em Silver Palomino, triunfal nas sacudidas All the way home, Maria’s bed, Leah e Jesus was an only son. Um disco de chefão.