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No comando da campanha de José Serra (PSDB) existe a convicção de que os votos da senadora Marina Silva (PV) poderão ser decisivos em um eventual segundo turno na disputa presidencial e de que os verdes podem estar bem mais próximos dos tucanos do que do PT. Os líderes do PSDB calculam que Marina poderá somar cerca de dez milhões de votos e desde já trabalham para trazer para seu ninho boa parte deles. Para isso, procuram construir ainda no primeiro turno algumas pontes mais consistentes, com a partilha de palanques estaduais. As negociações estão bastante avançadas no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Norte e em São Paulo. Na quinta-feira 22, Serra esteve em Natal (RN). Não chegou a se encontrar pessoalmente com a prefeita Micarla de Souza, principal liderança dos verdes no Estado, mas boa parte das articulações tinha o PV como objetivo. A prefeita mantém uma boa parceria com o líder do DEM no Senado, Agripino Maia, responsável pela ponte com os tucanos. “O DEM e o PSDB apoiaram a candidatura de Micarla em 2008 e o PT local faz uma oposição muito forte à prefeita”, diz o presidente do PSDB no Rio Grande do Norte, deputado Rogério Marinho. “Posso assegurar que há 90% de chances de no segundo turno o PV estar com a candidatura de José Serra”, conclui.

Nas 12 horas em que Serra permaneceu em Natal, o ex-governador concedeu entrevistas a rádios e tevês e, além de políticos, manteve contato com empresários locais. Discreta, a prefeita não manifestou apoio direto ao candidato do PSDB, mas não demonstrou nenhuma resistência em estar ao seu lado na disputa presidencial. “Serra é alguém com muitas qualidades. É inteligente e teve a oportunidade de administrar bem o Estado de São Paulo”, afirmou. Ela ressalva, porém, que, apesar da oposição petista a seu governo, conseguiu manter uma boa relação com a ex-ministra Dilma Rousseff nos últimos dois anos.

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No Rio de Janeiro, o terceiro maior colégio eleitoral do País, a aliança entre o deputado Fernando Gabeira, candidato a governador pelo PV, e o PSDB já está sacramentada. Os tucanos indicaram o ex-tesoureiro da legenda, Márcio Fortes, para ser vice na chapa. Mas a resistência do PV em aceitar uma composição com o DEM, do ex-prefeito Cesar Maia, abriu uma crise na campanha de Serra no Rio. “Meu problema com o Cesar Maia tem a ver com o terceiro governo dele. Há uma impossibilidade de apoiá-lo”, diz Alfredo Sirkis, vice-presidente do PV. “Não tenho nada contra o José Serra, tenho o maior apreço por ele.” Para tentar resolver a questão, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, reuniu-se com Serra nos últimos dias. O ex-governador de São Paulo também escalou o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB-RJ) para negociar a paz. O parlamentar disse à ISTOÉ que as lideranças dos três partidos no Estado terão uma reunião após o feriado de 1º de maio. “Estive com o Serra essa semana no Rio e ele afirmou que quer essa aliança”, diz Corrêa da Rocha. Maia acha que o impasse será superado. “A única alternativa que a aliança tem para ter votos no Rio é fazendo a composição”, diz. “As arestas serão aparadas, pois esse é o melhor caminho para o Estado, para o País e é também o desejo, tanto do Gabeira, como do Serra e da própria Marina”, explica Maia.

A costura alinhavada por Serra visa fechar logo as composições com o PV nos Estados no primeiro turno para abrir caminho rumo a uma grande aliança com Marina no segundo turno. Em São Paulo, o PSDB namora o ex-deputado estadual Fabio Feldmann (PV). Secretário do Meio Ambiente no governo Mário Covas, Feldmann é pré-candidato do PV ao Palácio dos Bandeirantes. A ligação com os tucanos é estreita. No governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Feldmann só não foi ministro do Meio Ambiente porque não quis. Durante as conversas de avaliação da campanha, Serra tem dito que é possível superar todas as dificuldades no relacionamento com o PV de Marina Silva. Nos encontros, o ex-governador demonstra muita confiança no seu crescimento eleitoral. Serra acha que, se Dilma continuar mantendo o perfil de agressividade, ela pode afastar ainda mais a possibilidade de aliança com o PV, cuja candidata tem adotado uma postura de não beligerância. “Não tenho nenhuma compreensão do porquê dessa agressividade da ministra Dilma”, comentou Serra em conversa com o presidente do DEM, Rodrigo Maia. A avaliação de que o PV está mais perto do PSDB do que do PT é compartilhada também por pessoas próximas a Marina. Elas acreditam que a ex-ministra do Meio Ambiente saiu muito chamuscada do governo do PT e que dificilmente apoiaria o partido de Lula no segundo turno. O único Estado em que o PV de Marina está totalmente fechado com o PT é o Acre, onde o candidato a governador é o senador Tião Viana (PT). “O PV da Marina é parecido com o PT do Acre, mas o partido dela não é homogêneo em outros Estados”, admite Viana.