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PRIMEIRO
Depois da Argentina, o BB quer entrar nos
EUA e países sul-americanos

Depois de oito meses de negociações, o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, acertou a compra do Banco da Patagônia com seus controladores, os irmãos argentinos Ricardo e Jorge Stuart Milne. O negócio não chega a impressionar pela quantia envolvida, de US$ 479,66 milhões. O Patagônia é apenas o 13º banco da Argentina e representa menos de 2% do valor de mercado do Banco do Brasil. Mas a operação dá início à estratégia de internacionalização do BB. Nos próximos meses, o banco deverá avançar sobre outras instituições na América Latina e nos Estados Unidos, pois está cada vez mais difícil se expandir no mercado brasileiro, já consolidado. “Temos rodado o mundo atrás de oportunidades”, confirma Bendine. “Estamos de olho em negócios no Chile, Paraguai e na Colômbia. Nos Estados Unidos há mais de 500 bancos à venda”, disse à ISTOÉ o vicepresidente de Negócios Internacionais e de Atacado do BB, Allan Simões.

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FECHADO
Bendine e Milne selam o negócio de
US$ 479 milhões

Nas futuras investidas, o BB pretende manter a mesma estratégia que vai adotar na Argentina. Embora detenha 51% das ações do Banco da Patagônia, não haverá mudanças na condução do ex- banco familiar pelos próximos três anos. Jorge Stuart Milne permanecerá na presidência enquanto os brasileiros aprendem os meandros do mercado argentino. “Queremos aprender a expertise local. Não faz sentido chegar num voo solo”, afirma Bendine. A área de marketing também recomendou à direção do BB que não mude o nome do Patagônia. No máximo ela deve substituir a cor da logomarca, hoje verde e azul, pelo amarelo e azul do banco brasileiro ou incluir a sigla BB ao lado do Patagônia. Apesar de todo o cuidado, o principal foco são as 400 empresas brasileiras com sede na Argentina. “Temos que acompanhá- las, abrir crédito em moeda local, fazer o processo de cobrança, o pagamento e gerenciamento das folhas de pagamento e só tínhamos uma agência”, diz Allan Simões. Para assumir as 154 agências e os 752 mil clientes, os brasileiros terão que esperar a autorização do Banco Central e de seu similar argentino, o que leva em torno de seis a oito meses. Também aguardará o sinal verde do Comitê Nacional de Defesa da Concorrência, o Cade do país vizinho.

Embora seja a primeira compra no Exterior, o BB já opera fora do País há 70 anos e possui 45 postos de atendimento em 24 países. Mas só em 2008, com a MP 443, o banco pôde adquirir outras instituições financeiras, algo que os bancos privados fizeram durante toda a década de 80. “O Banco do Brasil corre em busca de um espaço que perdeu lá atrás, pela falta de possibilidade”, diz o analista de bancos da consultora Austin Asis, Luis Miguel Santacreu. É também um bom momento do BB, que pretende aumentar seu capital em R$ 8,5 bilhões, ao colocar à venda 286 milhões de ações ordinárias até o fim do ano.

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