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LUTA
 Felipe Matos (segundo da esq. para dir.)
e os colegas de caminhada

O estudante Felipe Matos, 24 anos, mora em Miami, nos Estados Unidos. Dono de um currículo brilhante, está academicamente apto a entrar nas melhores universidades americanas, mas esbarra num problema burocrático: embora more e estude lá há dez anos, sua situação é ilegal. Para matricular-se em qualquer universidade teria de pagar valores várias vezes superiores aos dos cidadãos americanos e, ainda assim, correr o risco de deportação. Matos se juntou a outros três colegas na mesma situação – a equatoriana Gaby Pacheco, o colombiano Juan Rodriguez e o venezuelano Carlos Roa – para fazer uma marcha de 2,4 mil quilômetros de Miami a Washington pela aprovação da reforma nas leis imigratórias nos EUA.

Ele chegou ao país aos 14 anos. Sua mãe ficou doente e sem recursos para criá-lo e enviou o garoto para a casa de parentes. “Me disseram duas coisas: essa é a terra das oportunidades; se você estudar e trabalhar duro, vai conseguir realizar seus sonhos. A segunda, é que sua mãe trabalhou muito por você. O mínimo que você pode fazer é estudar e tirar notas boas”, relembra Matos. O rapaz terminou o equivalente ao ensino médio como o melhor aluno da Califórnia e entre os 20 melhores dos EUA. Embora tenha sido aceito por várias universidades, não pode cursá-las porque o valor para não residentes é muito maior do que ele pode pagar; e a lei atual não permite que ele regularize sua situação no país.

2,4 mil quilômetros é a distância que Matos percorrerá de
Miami a Washington pela reforma das leis de imigração

A marcha de Matos termina em 1º de maio. Os jovens reuniram 30 mil assinaturas durante a peregrinação em favor da aprovação do Dream Act, que permitiria que quem chegou aos EUA antes dos 16 anos e mora lá há pelo menos cinco receba um visto temporário para cursar o ensino superior ou entrar nas Forças Armadas e, posteriormente, candidatar-se a um visto permanente. “Nossa caminhada é para que se pare de deportar estudantes nas mesmas condições que as nossas, que estão aqui desde pequenos, e contra as separações de famílias. Filhos nascidos aqui têm seus pais deportados e vão para orfanatos. Pedimos que isso pare até que seja reformada a lei que regula a imigração”, afirma. O Dream Act está em tramitação no Congresso sem data para votação. Até lá, o destino de Matos fica em suspenso.