ALEXANDRE CAPPI

AÇÃO Chris Carmichael pedalou em reserva florestal de São Paulo

Chris Carmichael é um vegetariano de cabeça aberta. “Se eu cacei, eu como”, avisa o americano de 46 anos, nascido em uma família de caçadores e famoso por formar uma das mais vitoriosas parcerias esportivas com o ciclista Lance Armstrong. Personal trainer do maior ganhador da história da Volta da França, há quatro anos Carmichael não coloca no prato nenhuma pedaço de carne que ele próprio não tenha abatido. “Gosto de saber a procedência do que ponho para dentro do meu corpo.” Diretor-executivo da Carmichael Training Systems (CTS), ele ganha a vida assessorando atletas e dando palestras sobre métodos de treinamento e nutrição. Em São Paulo, na quarta-feira 12, um evento com ele teve os ingressos esgotados. Na manhã seguinte, pedalou por duas horas pela reserva florestal Alfredo Weiszflog – único momento de recreação na breve visita.

Autor do best seller A comida de Chris Carmichael para exercícios: coma certo e treine certo, Carmichael é humilde quanto à sua importância nos títulos conquistados por Armstrong. “Seria deselegante dizer que tenho participação nas vitórias dele. Lance é um daqueles atletas únicos: não era uma questão de ser o melhor, mas sim de superar sempre os próprios limites”, diz ele, treinador de atletas que conquistaram 33 medalhas em Jogos Olímpicos, Pan-americanos e Mundiais. Pupilo e guru continuam grandes amigos: o heptacampeão da Volta da França acaba de convidar Carmichael para passar as próximas férias no Havaí.

Pai de três filhos entre dez e dois anos, Carmichael espera que o recente boom das corridas de rua e a valorização da prática de esportes não sejam apenas moda passageira. “Nossa evolução tecnológica nos empurrou para sermos sedentários. As inovações são concebidas para cada vez mais fazermos menos esforço”, afirma. Para ele, é necessário uma conscientização global de que haverá um colapso nos sistemas de saúde caso continuemos tão indisciplinados fisicamente. “Há uma grande epidemia de obesidade mundial – um problema que antes era basicamente americano e hoje aflige todo o planeta. Mas só ter consciência não será o bastante para reverter esse quadro: é preciso tomar atitudes, desenvolver nossa sociedade nesse sentido mais ativo.”