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ROTA CERTA
O taxista Roberto dos Santos usa seu GPS nas ruas do Rio

Não vai demorar para que os Estados Unidos deixem de dominar uma área na qual reinam absolutos até agora. Desenvolvido para fins militares, o GPS (sigla em inglês para Sistema Global de Posicionamento) conquistou o mundo e hoje é largamente usado para a localização de ruas e estradas, espalhando- se pelas telas de aparelhos portáteis, celulares e até mesmo relógios.

Pelo menos três novos sistemas devem competir com o americano. O mais próximo de operar é o Glonass, criado na Rússia. O sistema já tem 21 satélites em órbita, mas outros três devem estar funcionando até o fim do ano. Uma pequena constelação dessas máquinas é essencial para que o sinal mandado de um aparelho na Terra possa voltar do espaço com as coordenadas corretas. A intenção da Roscosmos, a agência espacial russa, é disponibilizar gratuitamente mesmo a resolução mais precisa – nos EUA, ela é exclusiva das Forças Armadas. “O Glonass poderá detectar até a dilatação de um prédio ou de uma ponte”, diz Benjamim Galvão, da diretoria de satélites e aplicações da Agência Espacial Brasileira (AEB). Ele esteve em um encontro dos russos com autoridades e empresários brasileiros, no começo de abril, em São Paulo.

CONCORRÊNCIA
Os EUA criaram o GPS para fins militares. Já os russos e a
Agência Espacial Europeia visam o mercado internacional

Já a União Europeia conta com o pagamento dos usuários para tornar rentável o seu sistema. Batizado de Galileo, ele deve entrar em operação até 2014. Sua resolução mais baixa, que pode ter uma margem de erro de até dez metros – como o GPS –, será gratuita. A precisão maior, na escala de decímetros, será oferecida a quem quiser pagar por isso. “O sistema americano pode parar de funcionar e mesmo assim eles não precisam dar satisfação. Como o Galileo será puramente comercial, poderá dar mais garantias ao consumidor”, diz Roberto Lopes, especialista em satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Outro risco da dependência do GPS americano é que ele está à mercê dos interesses dos EUA. Exatamente por isso, a China também está investindo em sua própria tecnologia. Batizada de Compass (bússola, em inglês), ela só tem dois satélites na órbita da Terra, mas promete contar com 35 antes de 2015. Os chineses, contudo, mantêm uma colaboração com os europeus no desenvolvimento do Galileo em paralelo. É claro que a concorrência pode ser benéfica aos usuários. “Quanto maior a constelação de satélites, melhor”, diz Lopes. Receptores que recebem tanto o sinal russo quanto o americano, inclusive, já estão no mercado. O Brasil tem interesse especial na questão, já que sofre com o fenômeno chamado de bolha ionosférica, provocado por imperfeições no campo magnético da Terra. Nessas áreas, o GPS chega a ficar sem sinal. “Pesquisas são fundamentais”, defende Galvão, da AEB.

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