Dois dos mais populares grupos britânicos, o Oasis e o Coldplay, resolveram ocupar as lojas do mundo inteiro num mesmo assalto. Superaguardados, Don’t believe the truth, do primeiro, e X & Y, do segundo, provam que ainda há lugar para supergrupos em um cenário dominado pelas bandas de atitude independente. Não por acaso, o vocalista do Oasis, Liam Gallagher, aquele que se esforça para que sua voz soe cada vez mais parecida com a de John Lennon, andou praguejando contra a nova onda musical inglesa. Colocou Franz Ferdinand, Libertines, Scissor Sisters e os novíssimos Kaiser Chiefs e Bloc Party na mesma vala novidadeira. Na semana passada, em um show em Londres o Oasis dispensou a abertura de bandas iniciantes, exibindo nos telões a transmissão ao vivo da emocionante decisão entre o Liverpool e o Milan. Marketing desnecessário, pois Don’t believe the truth é o melhor trabalho do grupo desde os tempos do britpop com Definitely maybe, de 1994.

Isso não quer dizer que os irmãos Noel e Liam Gallagher tenham abandonado a obsessão pelos Beatles. Faixas como Love like a bomb, Guess God think I’m Abel e A bell will ring parecem saídas de discos como Revolver e Let it be. Na mesma linha, Let there be love traz um piano austero como o de The long and winding road, e Keep the dream alive vem até com guitarras simulando cítaras e bateria imitando tablas indianas. Sem falar que as baquetas, no caso, ficaram a cargo de Zak Starkey, filho de Ringo Star.

Para inveja dos irmãos Gallagher, quem anda dando uma de Fab Four é outro quarteto, o Coldplay, liderado pelo galã, vocalista e pianista Chris Martin, que vem a ser o sr. Gwyneth Paltrow. Carro-chefe de X & Y, o terceiro álbum da banda, o single de Speed of sound, embalado por piano, guitarras afiadas e canto choroso, fez o Coldplay se igualar aos Beatles, entrando direto no oitavo lugar do top 10 americano. O feito só foi atingido com outra música inglesa – Hey Jude, em 1968. Como o CD anterior, A rush of blood to the head, que vendeu 11 milhões de cópias, X & Y é uma coleção de canções para serem cantadas a plenos pulmões. A meio caminho entre a melancolia do Radiohead e o heroísmo do U2, faixas como Square one, What if, White shadows e Talk, com refrão roubado de Computer love, do Karftwerk, não foram feitas para ouvir no carro: são hinos para estádios lotados.


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