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Prolongar a juventude da pele do rosto é um desafio que tem levado pesquisadores a investir pesado em estudos que decifrem os mecanismos de envelhecimento e sirvam de base para retardá-lo. O esforço está gerando muitos resultados. Está disponível uma nova safra de procedimentos mais eficazes que incluem a aplicação de substâncias potentes contra rugas profundas, novas indicações da toxina botulínica – o famoso botox -, lipoaspiração facial e até ioga.

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VIÇO Deborah Secco faz sessões com aparelho que combate a flacidez cutânea

Uma das alternativas mais recentes e também mais procuradas é a chamada terapia celular. Trata-se de uma técnica de rejuvenescimento cutâneo baseada no uso de fibroblastos, células presentes na derme responsáveis pela produção de colágeno e elastina, as fibras que dão sustentação à pele. O tratamento consiste na retirada de uma pequena amostra da pele da nuca do paciente, de onde são isolados os fibroblastos. Em seguida, eles são colocados em um meio de cultura, onde permanecem por até seis semanas para que se multipliquem. "Ao serem novamente injetadas na pele, essas células se proliferam, formando uma matriz celular nova enquanto promovem a restauração da cútis", explica o biólogo Radovan Borojevic, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos pesquisadores que desenvolveram o método.

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OPÇÃO Bruna usa o ácido hialurônico para promover super-hidratação

O uso do método com finalidade estética foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. Na clínica dermatológica Paula Bellotti, no Rio de Janeiro, pelo menos 70 pacientes já recorreram à terapia. "O tratamento não "estica" a pele. É um restaurador de colágeno. Portanto, dá firmeza, melhora a textura e atenua as rugas", esclarece a médica Denise Barcelos. Ao que parece, o único problema é o preço. Cada aplicação custa cerca de R$ 1,2 mil – só um tratamento de rugas na área dos olhos exige no mínimo seis delas. "E os resultados só começam a aparecer 15 dias depois", diz Denise.

 

Há, é claro, opções bem mais acessíveis, como as novas versões do ácido hialurônico. Essa substância é bastante usada para preencher sulcos ao redor da boca e dos olhos. Recentemente, teve sua composição química aprimorada e se transformou em um preenchedor mais eficaz e seguro. "As novas formulações não oferecem risco de rejeição ou alergia. Além disso, o resultado pode durar até um ano e meio, contra os seis meses oferecidos pelos outros produtos", explica a dermatologista Cristine Almeida de Carvalho, de São Paulo. Uma das versões, mais líquida, é feita na medida para ser usada nas rugas mais finas localizadas embaixo dos olhos. "Preenchemos esses sulcos com ótimos resultados", assegura a dermatologista paulista Erica Monteiro. Outra novidade é o ácido hialurônico usado para fazer uma super-hidratação da pele. "Injetamos nas áreas mais necessitadas para combater o ressecamento", diz a dermatologista Bruna Bravo, do Rio.

 

A toxina botulínica, o botox, também tem nova indicação. Ela começa a ser usada para promover um efeito "lifting", ou seja, deixar a pele toda do rosto mais esticada. "A aplicação é feita na mandíbula e no pescoço", explica a dermatologista Denise Steiner, de São Paulo. Segundo ela, a substância provoca uma contração dos músculos, levantando a musculatura da face. O Thermacool, aparelho de radiofreqüência usado para flacidez, é outro que ganhou renovação. "Ele está mais potente e indolor. Promove uma retração imediata da pele após a aplicação", explica a dermatologista Karla Assed, do Rio. Esse é um dos tratamentos preferidos da atriz Deborah Secco. "Acho mais inteligente prevenir agora os danos do que tratá-los depois", afirma a atriz.

Nessa linha de raciocínio, há uma boa novidade. É a pílula de proteção solar, lançada há um mês no Congresso Mundial de Dermatologia, realizado em Buenos Aires. O Heliocare é feito com extrato da planta Polypodium leucatomos, um tipo de samambaia comum na América Central. Nos estudos feitos até agora, o produto se mostrou eficaz na proteção contra a radiação ultravioleta emitida pelo sol e responsável pelos danos à cútis. "Quando tomamos sol, os raios ultravioleta B agridem as células da pele, ocorrendo a formação de células defeituosas e queimadas. Com a ingestão da cápsula, essas células não aparecem, demonstrando que a pele está protegida. Ela também fica menos avermelhada", explica Denise Steiner. A recomendação é a de que as pílulas sejam tomadas diariamente e usadas em conjunto com os filtros, de preferência, para aumentar o grau de proteção. O produto está sendo vendido nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, aguarda a liberação pela Anvisa.

Na área da cirurgia plástica, a moda é a lipoaspiração facial para retirar o excesso de gordura. "Com essa técnica, o risco de romper estruturas da pele é minimizado. Outro benefício é que, durante a cicatrização, ocorre uma maior produção de elastina", afirma o médico Fausto Bermeo, de Brasília. Mas as novidades não se esgotam aí. A ciência também tem anunciado pr

 

omissoras descobertas na área da genética que estão ajudando a esclarecer os mecanismos que levam ao envelhecimento da pele. A mais recente foi apresentada por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Primeiro, eles identificaram um gene envolvido nesse processo. Depois, desativaram a ação desse gene e conseguiram, dessa maneira, reverter a progressão do envelhecimento cutâneo em ratos. "Essas descobertas sugerem que envelhecer não é apenas o resultado de um desgaste natural, mas também de uma determinação genética. Mas agora sabemos que isso pode ser bloqueado", afirma o cientista Howard Chang, coordenador do estudo. Segundo ele, esse achado poderá contribuir para o desenvolvimento de terapias ainda mais eficazes.

A PELE COMO ELA É

A parelhos de diagnóstico digital são o mais moderno recurso para avaliar a pele. O Visia, por exemplo, fornece dados precisos sobre rugas, manchas, oleosidade, poros, textura e até atividade de bactérias causadoras da acne. O mais incrível é que ele também mostra manchas ou rugas ainda não visíveis. As informações são enviadas para um banco de dados e comparadas à pele de pessoas com o mesmo perfil. "É possível saber se a idade da pele analisada é ideal para a idade cronológica do paciente", afirma o dermatologista Francisco Leite (na foto, à esq.), de Brasília. "Os dados também direcionam os tratamentos", diz.