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Instrumento capaz de disseminar informações a milhões de pessoas em poucos segundos, a internet tem tudo para se tornar a vedete das eleições de 2010. O problema é que nesta fase de pré-campanha, a rede mundial de computadores tem sido usada muito mais para ataques abaixo da linha da cintura do que como efetiva ferramenta de debate político que possa qualificar a opção do eleitor.Na tarde da quarta-feira 14, um cracker – internauta que quebra sistemas de segurança da internet de forma ilegal – invadiu o site do PT e publicou foto do ex-governador José Serra com a frase “hackers do PSDB” e o lema da campanha tucana: “O Brasil pode mais”. Foi o segundo ataque virtual contra o partido em 48 horas. Para corrigir o problema, o site foi retirado do ar. O secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), atribuiu as invasões a simpatizantes tucanos incentivados pelo que chamou de “tom virulento” da campanha de Serra. “É lógico que não é o PSDB, mas dá para dizer que é algum simpatizante”, afirmou.

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), contraatacou descartando qualquer vínculo partidário e defendeu uma investigação da Polícia Federal sobre o caso. “Abominamos essas iniciativas. Ninguém que tenha a mínima ligação com o partido tem autorização para isso”, afirmou Guerra. O PSDB, por exemplo, criou o site www.gentequemente.org.br para atacar os petistas. No site, há vários vídeos com erros de Dilma Rousseff em discursos e uma seção chamada “pinoquioteca”, com uma charge de Lula e uma lista de promessas não cumpridas. “Criamos o site para rebater as mentiras que a Dilma e o PT têm contado sobre as realizações do governo Lula e contra o Serra”, afirma Eduardo Graeff, membro da Executiva Nacional. Os tucanos também aproveitam o espaço digital para reagir aos ataques da pré-candidata petista. Sobre a acusação velada de que José Serra fugiu à luta durante a ditadura, ao se exilar em 1968, o PSDB argumentou que dezenas de sites que apoiam a candidatura de Dilma já vinham reproduzindo artigo do sociólogo Emir Sader que chama o ex-governador de fujão por ter se exilado. “Esse artigo está circulando há meses entre a militância petista. Dilma sabia bem do que estava falando”, afirma Graeff.

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ATAQUE
Site do PT invadido por supostos tucanos

O PT, por sua vez, vem incentivando a militância a reproduzir no YouTube um vídeo em que Serra aparece ao lado do ex-governador do DF José Roberto Arruda, num evento em Brasília no ano passado. Na ocasião, Arruda estava cotado para ser vice numa eventual chapa presidencial tucana. Em tom de brincadeira, Serra diz que o lema da campanha seria “Vote num careca e leve dois”. A tese da dobradinha Serra e Arruda caiu por terra depois que o exgovernador do DF foi indiciado na Operação Caixa de Pandora. Responsável pelas ações de internet na campanha do PT, Marcelo Branco se diz contra baixaria e que a orientação oficial é a divulgação de projetos e realizações do governo Lula. A campanha inclusive contratou a empresa Pepper Comunicação para explorar as ferramentas de internet e investir nas chamadas redes sociais. “Ficar chamando de ladrão, bandido e guerrilheira pega mal na blogosfera”, afirma Branco.

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DUPLA
PT incentiva militantes a postar vídeo de Serra com Arruda

Ao que tudo indica, uma vez que é impossível aos políticos controlar o que é postado em nome de suas siglas, caberá aos candidatos tentar impor limites no mundo virtual. Se protagonizarem uma campanha de alto nível, talvez impeçam que as baixarias virtuais afetem o voto real.