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Faz 12 anos que o suíço Joseph Blatter, 74 anos, ocupa o cargo de presidente da Fifa. Mas o mandatário de fato da entidade que comanda o futebol mundial é Jérôme Valcke, um francês de 49 anos, fã dos brasileiros Ronaldo e Ronaldinho e secretáriogeral do órgão há três anos. “Ele pegou a Copa da África na unha para resolver os problemas do torneio”, conta um dirigente brasileiro. “Valcke é o presidente da Fifa de verdade, que põe a mão na massa, enquanto o Blatter é a figura política, que aparece em eventos.”

Casado e pai de dois filhos, o francês vive na “ponte aérea” África do Sul-Suíça, onde mora. Mas adora o Brasil. “Jérôme gosta de caipirinha, praia, sol. É um cara bem- humorado e esbelto, que foge do padrão de dirigentes carecas e com barriga saliente”, diz outro executivo ligado ao futebol. Íntimo de Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Valcke passou os dois últimos réveillons no País. As famílias dele e de Teixeira já se hospedaram na casa do brasileiro, em Angra dos Reis. E os dois já usufruíram juntos de passeios de iate.

Na semana passada, Valcke esteve no Brasil. Não dispôs de tempo para o lazer porque, entre outras tarefas, teve de tratar do imbróglio do Morumbi, o estádio que vem sendo criticado como postulante a palco de abertura da Copa de 2014. No centro dessa bola dividida, o secretário-geral passou a ser visto com maus olhos por brasileiros. “Ele já nos disse, brincando: ‘Vocês são do país onde eu sou mais famoso”, conta outro dirigente brasileiro. “Mas ele é um apaziguador e não costuma bater de frente com ninguém.” Impressão parecida teve o arquiteto Vicente de Castro Mello. Responsável pela reforma do estádio Mané Garrincha, em Brasília, ele esteve com o francês e com técnicos da Fifa, em 2008. “Ele não é um general”, diz.

No currículo de Valcke – que começou a carreira como jornalista de um canal francês de tevê e migrou para a Fifa em 2003 – há, porém, uma mancha. Em 2006, ele chegou a ser afastado da função de diretor de marketing e tevê da Fifa depois que um juiz de Nova York decretou em uma ação que o dirigente havia mentido para a Visa e a Mastercard em negociações de patrocínio para as Copas de 2010 e 2014. “Eu cometi o maior erro da minha vida quando disse que nos negócios nem sempre falamos a verdade, podendo descrever isso como uma mentira comercial”, disse Valcke, à época, ao jornal inglês “The Independent”.

Seis meses depois, a sentença inicial foi anulada e o francês retornou à Fifa direto para o posto de secretário-geral, cargo que foi ocupado por Blatter antes de se tornar presidente. Apesar dos atrasos nas obras da Copa da África do Sul e da péssima venda de ingressos para estrangeiros, ele está em alta na entidade. O fato de ter apresentado, ao lado de Charlize Theron, o sorteio dos grupos do Mundial é um sinal disso. Era o dono da Copa em ação.

 

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