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MODERNA
 Comércio, eventos e hotelaria mostram o acelerado ritmo da cidade

No início, quando o solado dos sapatos e os pneus dos carros deixavam marcas no pó batido das ruas e o comércio incipiente era abrigado por barracos permeáveis a goteiras, Brasília era para ser apenas uma cidade administrativa habitada por políticos e, sobretudo, funcionários públicos. Meio século de vida se passou, e agora veem-se na cidade ruas atapetadas de asfalto e lojas de primeira linha com sofisticação à altura das grandes metrópoles. Basta, nessa linha do tempo de 50 anos, tomar um dado para exemplificar a transformação: Brasília tornou-se a terceira maior economia do País, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro, e tudo indica que nas próximas décadas o crescimento continuará acelerado, pois a sua economia liga-se umbilicalmente ao tamanho da máquina federal: enquanto o Estado cresce, cresce também a remuneração dos servidores, com salários vitalícios e estabilidade no emprego. Isso explica por que o PIB per capita de Brasília é o mais alto do Brasil. Dividida toda a riqueza produzida na capital, tem-se R$ 40.696 por habitante, valor maior que os R$ 29.394 dos paulistanos. “Brasília, hoje, tem o maior poder de compra do Brasil e o comércio é a sua vocação”, diz José Luiz Oreiro, professor de economia da UnB. Traduzindo reais do PIB em gente que gasta reais, tem-se que há duas semanas mais de dez mil pessoas foram à inauguração do shopping Iguatemi, em plena terça-feira de trabalho, para ver, se fazer ver e gastar dinheiro no novo complexo de 32 mil m² construídos por R$ 180 milhões, nos moldes do pioneiro e sofisticado shopping Iguatemi de São Paulo. São 200 lojas, algumas de altas grifes como Salvatore Ferragamo, Louis Vuitton e até a inglesa Burberry. “Ainda há muito espaço e os investidores enxergam isso”, diz o presidente da Fecomércio, senador Adelmir Santana. “Vivemos numa sociedade de consumo. E o shopping é a grande referência”, diz Rafael Porto, professor de pós-graduação em administração da UnB. Além do shopping, tornou-se programa nos fins de semana passear pelas megastores, como Fnac e Livraria Cultura.

Dividida a riqueza produzida no DF, tem-se R$ 40.696 por habitante,
valor maior que os R$ 29.394 dos paulistanos

No embalo do alto padrão de consumo, a concessionária Saga, da Volkswagen e Hyundai, é líder em venda de carros novos no Brasil desde 2006 – são cinco lojas no DF e há planos de expansão. De acordo com o seu diretor comercial, Alessandro Soldi, a principal loja vende duas vezes mais do que a matriz em Goiânia, ou seja, “são 800 veículos por mês”. É a renda do brasiliense que também aquece outra vocação econômica: a da construção civil. “O nosso mercado imobiliário é extremamente atraente e prevemos um crescimento de 20% em 2010”, diz Adalberto Valadão, presidente da Associação do Mercado Imobiliário (Ademi/DF). A aposta do futuro é o Noroeste, novo bairro ao lado do Plano Piloto, com 20 superquadras, 220 prédios residenciais e 198 edifícios comerciais. Nele, o valor do metro quadrado já passou de R$ 8 mil. Embora a construção civil seja o braço forte industrial, Brasília começa a se destacar também pelas indústrias limpas, de tecnologia da informação e de produtos farmacêuticos. O presidente da Federação das Indústrias de Brasília (Fibra), Antônio Rocha, acredita que até 2015 ela deverá corresponder a 14% do PIB (segundo o IBGE, hoje são apenas 6%). “Isso só depende de mais investimentos em atividades de alta tecnologia e, sobretudo, nas indústrias com maior valor agregado”, diz ele. “Nossa promissora indústria tem um grande desafio: cerca de 80% do que é consumido ainda é produzido em outras cidades. Esse dado serve de exemplo concreto do potencial de nossa atividade produtiva.”

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MADEIRA
Há 50 anos, rua comercial era rua de barracos

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