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Carnaval de rua baiano (acima) atrai instituições financeiras, que reforçam a marca nos camarotes e nas ruas da cidade

 

Depois da guerra das cervejas, chegou a vez de os grandes bancos medirem forças na maior festa popular do planeta, o Carnaval. A principal batalha das marcas Bradesco e Itaú será travada em Salvador, na Bahia, palco da folia mais animada e incansável do País – os baianos são sempre os últimos a deixar as avenidas na Quarta- Feira de Cinzas. Se a estratégia dos banqueiros der certo, eles continuarão celebrando por muito mais tempo.

Os dois bancos investiram pequenas fortunas para conquistar o coração e o bolso desses foliões. O Bradesco, que nos últimos oito anos foi o grande patrocinador da Prefeitura de Salvador na festa de Momo, desta vez perdeu o trono para o Itaú. O concorrente, ajudado pelo publicitário baiano Nizan Guanaes, da Africa Propaganda, ficou com a cota de patrocinador master do Carnaval soteropolitano. Seu logotipo azul e laranja já pode ser visto pelas ruas de Salvador (foto) e irá brilhar nos circuitos de Campo Grande, Barra-Ondina e no centro histórico. Para estampar a marca nas ruas onde só não vai atrás do trio elétrico quem já morreu, o Itaú vai gastar cerca de R$ 2 milhões.

 

 

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Mas o Bradesco não ficou de fora e deu o troco com toda a elegância: irá patrocinar mais de 20 blocos de afrodescendentes, como o Ilê Aiyê e o Filhos de Gandhi. “É um projeto inovador, que respeita a cultura e as características naturais dos blocos e viabiliza o Carnaval aberto para muitos deles”, diz Luca Cavalcanti, diretor de marketing do Bradesco. Além dos blocos, o banco irá colar sua marca vermelha em vários trios elétricos, como o Camarote Andante, de Carlinhos Brown, o Olodum, a Banda Eva e o da animadíssima Ivete Sangalo. E estará presente em camarotes badalados, tais como o Expresso 2222, do ministro da Cultura, Gilberto Gil, o Cerveja e Cia e o Axé Mix.

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CAVALCANTI, do Bradesco: investimento nas massas

E o que o Carnaval tem a ver com bancos, instituições normalmente sisudas e conservadoras? Tudo, respondem os executivos que comandam as incursões nas avenidas e nos camarotes. “O Carnaval é a cara do Bradesco”, diz Cavalcanti. E explica: “Somos um banco de massas e o público que dança e canta nas ruas é muito grande.” Nos quatro dias da folia, não importa a raça, o gosto, a condição financeira. É só alegria. Esse caldeirão de classes sociais é uma característica da festa que reforça a estratégia da instituição. “Temos serviços financeiros especializados para clientes de todas as classes.” Para o Itaú, que tem 27 agências bancárias em Salvador e faz a estréia nas avenidas saltitantes, o mote é ficar mais perto das pessoas em momentos lúdicos e reforçar a marca junto aos clientes potenciais. “Procuramos festas que têm a ver com as comunidades e que mexem com as cidades”, explica Cristiane Magalhães Teixeira, diretora de marketing do Itaú. O banco também patrocina o Círio de Nazaré, em Belém, e a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre. Mas o Carnaval de Salvador tem um bônus: a mídia externa pode ficar nas ruas durante todo o verão.

R$ 4,5 milhões estão sendo gastos pelos maiores bancos privados para conquistar clientes durante a folia de Momo

O Bradesco também estará presente em outras grandes celebrações carnavalescas pelo País. Em Pernambuco, apóia a Prefeitura de Olinda na festa do frevo e o bloco Galo da Madrugada, do Recife. Mas seu maior trunfo é no Rio de Janeiro: é o patrocinador da Liga das Escolas de Samba. “Seremos a principal marca no Sambódromo em 2008”, comemora Cavalcanti. O logotipo do banco estará presente em tudo quanto é canto, dos ingressos aos caixas eletrônicos especialmente instalados. Para reforçar a visibilidade na festa mais bonita do planeta, o Bradesco comprou uma cota de patrocínio da Rede Globo, para a transmissão dos desfiles, com direito a vinhetas próprias. Ainda no Rio, o banco está investindo pelo segundo ano consecutivo na Cidade do Samba, um projeto que dura o ano inteiro e atrai visitantes e turistas de todo o País. “É a Disney do samba”, compara o executivo. A verba de marketing somente para o Carnaval, sem contar os investimentos na televisão, passa de R$ 2,5 milhões. É pouco diante do lucro astronômico que o Bradesco apresentou em 2007: R$ 8 bilhões. Mas com certeza irá ajudar a elevar o resultado de 2008.