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Manchetes Jornais e revistas de todo o planeta reproduziram as declarações de Battisti à ISTOÉ

Ao revelar que recebera ajuda do serviço secreto francês em sua fuga para o Brasil, durante entrevista exclusiva concedida à ISTOÉ, o exterrorista Cesare Battisti conseguiu provocar indignação nos governos francês e italiano. As atenções dos políticos da Itália logo se voltaram para a França. "Eu não posso acreditar, porque é evidente que um país como a França, não pode ser de qualquer maneira citado", disse o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini.

Líder do Partido Democrata (PD) e da oposição ao governo do primeiro- ministro Silvio Berlusconi, o deputado Walter Veltroni declarou que "a Itália deveria perguntar a um governo amigo, como o francês, se as coisas que Battisti declarou são verdadeiras". Na França, também houve manifestação. A embaixada francesa no Brasil divulgou nota na qual afirma que o governo francês considera as declarações de Battisti "infundadas" e que "não merecem comentários". Além das reações diplomáticas na Europa, a entrevista de Battisti à ISTOÉ repercutiu no mundo todo.

As frases do ex-terrorista foram reproduzidas em forma de manchetes nos sites de grandes veículos da Europa, da América Latina, dos Estados Unidos e da Ásia. Os maiores jornais internacionais, como The Guardian, Le Monde, Le Figaro, Corriere della Sera, entre outros, destacaram, durante toda a quinta-feira 29, em seus sites, e nas edições impressas de sexta-feira 30, detalhes inéditos da história de Battisti contados pelo escritor, condenado na Itália por quatro assassinatos. As maiores agências de informação do mundo (Reuters, AFP, Ansa) rapidamente espalharam as declarações de Battisti por todo o planeta e, em minutos, a entrevista invadiu a blogosfera, antes mesmo de a edição impressa da revista chegar às bancas.

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"Cesare Battisti complica tudo e embaraça Paris", dizia a manchete do conservador Le Figaro, que concedeu grande espaço ao assunto e exibiu a entrevista como manchete de seu site durante todo o dia. O Le Monde e o Libération, ambos afinados com a esquerda, dispensaram análise e apenas transcreveram trechos da entrevista, assim como fizeram as principais revistas francesas, L’Express, Le Point e Le Nouvel Observateur, na internet. A manchete do Le Monde também destacou a suposta ajuda francesa para a fuga. Os jornais Corriere della Sera, La Stampa e La Repubblica reproduziram toda a história contada por Battisti.

Outro ponto da entrevista que causou indignação entre os italianos foi a veemente negação de Battisti aos crimes de que é acusado e sua afirmação de que estaria pronto para se encontrar frente a frente com Alberto, filho do joalheiro Pierluigi Torregiani. Alberto passou a usar cadeira de rodas depois de levar um tiro na ação que culminou com a morte de seu pai e que é atribuída a Battisti. O Corriere della Sera destacou em manchete:

"O ex-terrorista Battisti em entrevista: Sou inocente e estou pronto para encontrar o filho da vítima."

A reação italiana ao refúgio político concedido pelo Brasil foi criticada pelos jornais do país, que pediam uma posição mais firme do governo.

A única exceção foi o L’Unitá, tradicional jornal de esquerda, fundado em 1924 por Antonio Gramsci. O veículo destacou o fato de Battisti lamentar a atitude de Alberto Torregiani a favor de sua extradição e sublinhou que o ex-terrorista o acusou de sofrer pressão do governo italiano pelo fato de receber aposentadoria como vítima do terrorismo.

"A Itália deveria perguntar a um governo amigo, como o francês, se as coisas que Battisti declarou são verdadeiras"
Walter Veltroni, deputado e líder do Partido Democrata italiano