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ALERTA
O satélite, do tamanho de um ônibus, viaja em alta velocidade rumo à Terra

 

Surpresa, susto e preocupação no discurso do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Gordon Johndroe: “Nosso satélite ficou sem energia, claro que não esperávamos por isso. Ele pesa dez toneladas e cairá em algum lugar da Terra no final de fevereiro.” O agente Bryan Whitman, do Pentágono, foi essencialmente político: “Estamos acompanhando a situação. Nós levamos a sério nossas obrigações relativas ao espaço.” As duas declarações, dadas no início da semana, referem- se ao satélite US 193, espião da Força Aérea Americana, que há cerca de dois anos vinha vigiando a terra. Esse objeto, do tamanho aproximado de um ônibus, perdeu energia e cairá em algum lugar do planeta – a Nasa ainda não soube precisar o local da queda, embora haja quem diga que poderá ser a própria América do Norte.

Cientistas acreditam que, ao entrar na atmosfera, o atrito desintegrará as dez toneladas do satélite, dividindo-o em milhares de partes que, embora pesadas, causarão bem menos estragos ao planeta do que se ele despencasse inteiro. A crença na desintegração, no entanto, não elimina a preocupação. Ainda está na memória um fato que se deu há oito anos: um objeto caído do espaço medindo dez milímetros foi suficiente para incendiar uma casa na Alemanha, ferindo gravemente um homem de 77 anos.

Peritos do governo americano baseiam- se na lei da probabilidade. “Setenta e cinco por cento do espaço físico do planeta é água e, assim, provavelmente o satélite cairá no mar. Muitos saíram de órbita e já caíram sem causar danos”, diz Johndroe. Ocorre, porém, que são os 25% restantes que abrigam a espécie humana.

 

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Além de morte e incêndio, a queda desse satélite em lugar povoado pode comprometer o meio ambiente e causar sérios danos à saúde das pessoas devido aos materiais nocivos que ele carrega. A sonda contém hidrazina, combustível de foguete com cheiro de amônia, tóxico para quem entra em contato com ele sem as necessárias proteções. Finalmente, ainda que o satélite espião caia em lugar deserto, existe outro risco, e também esse tira o sono das autoridades militares dos EUA.

“Ele poderá expor segredos de Estado”, diz John Pike, diretor do Centro de Pesquisa e Inteligência Global Security. Jeffrey Richelson, pesquisador do Arquivo de Segurança Nacional, diz que a nave é provavelmente um satélite de reconhecimento fotográfico. Esses aparelhos são usados para obter informações visuais sobre territórios que os EUA monitoram e grupos terroristas, como a construção de reatores nucleares ou campos de treinamento.

Satélites que funcionam como espiões, como o próprio nome indica, contêm informações secretas e são freqüentemente destruídos em sua reentrada na atmosfera – sempre monitorada e que se dá, sobretudo, em regiões de oceanos. Quanto ao satélite atual, esse controle tornou-se difícil e, segundo Pike, é improvável que ele seja destruído com míssil porque tal procedimento resultaria na formação de partículas que se incendiariam ao tocar o solo. Sendo assim, a Força Aérea dos EUA pensa na possibilidade de tentar dirigi- lo via outro satélite de comunicação. Na verdade, não é de hoje que naves e foguetes espaciais, depois de estar desativados, acabem se tornando uma dor de cabeça para os americanos. Os incidentes causados pelo ferro-velho espacial já foram tantos que levaram as Forças Armadas dos EUA a organizar um catálogo reunindo nada menos que dez mil objetos que atualmente circulam ao redor da Terra. A Nasa contabilizou até 1998 mais de 60 janelas de ônibus espaciais danificadas. Motivo: elas são atingidas por lascas desprendidas de outras naves ou satélites que viraram lixo. Essas lascas orbitam a uma velocidade de 15 mil quilômetros por hora e podem causar furos de 2,5 centímetros de diâmetro – o suficiente para que janelas se estilhacem por completo na volta à atmosfera terrestre. Se todo esse lixo desabasse ao mesmo tempo e de uma só vez, com certeza os 75% de água do nosso planeta seriam pouco para abrigá-lo.

 

 

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