Quando ouve a palavra favela, o brasileiro a associa logo com imagens de violência, como as ocorridas esta semana em Bangu e Senador Camará (zona oeste do Rio de Janeiro), deixando pelo menos dez mortos. Mas esta é uma ilação injusta com grande parte das favelas do País. Encravada em um dos bairros mais ricos de São Paulo, vizinha de condomínios de luxo no Morumbi, Paraisópolis sempre foi uma favela- modelo, onde ainda era possível viver sem a tutela do crime organizado. Na segunda-feira 2, porém, os moradores surpreenderam ao tentar impedir a ação da Polícia Militar contra o tráfico de drogas. Eles entraram em confronto com a polícia e destruíram carros, fecharam ruas, saquearam lojas e – tal como a música do lendário grupo de rap Racionais Mc’s – protagonizaram cenas de "pânico na zona sul".

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OCUPAÇÃO Mais de 400 soldados para garantir a paz em Paraisópolis

O saldo: seis feridos, dois morado res e quatro policiais. Um episódio incomum por ali, onde vivem 80 mil pessoas e registra-se um dos menores índices de criminalidade entre as favelas brasileiras. A resposta da polícia foi ocupar as ruas com mais de 400 soldados, com a intenção de "asfixiar" e impedir o avanço do tráfico. A ação foi denominada de "Operação Saturação". Além dos 293 policiais que ainda permanecem lá, foram enviados 70 viaturas, 20 cavalos e quatro cães.

O motivo da revolta ainda é investigado. Há várias hipóteses. "A mais forte, contada pelos mo radores, é de que, no fim de semana, ocor reram três assassinatos numa ação com a polícia. Duas pessoas envolvidas já teriam ‘passagem’ e outra não. Um dos três era inocente e acabou morrendo", conta Gilson Rodrigues, presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, cuja posse no dia 23 foi prestigiada pelo prefeito Gilberto Kassab.

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