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Retratar a flora e a fauna da floresta em tamanho real

Em um ateliê de Berlim, um dos mais conceituados artistas plásticos da Europa, Yadegar Asisi, aperta botões e imprime a floresta amazônica – em tamanho descomunal. O resultado desse trabalho será, em março, uma das principais atrações tecnológicas da Alemanha. Trata-se da exposição Amazonien, em Leipizig, para a qual 30 mil fotos foram selecionadas e estão sendo transformadas em painéis de 360 graus. É isso que Asisi está fazendo em seu ateliê.

No Brasil a floresta amazônica brota do chão. Em Leipizig as árvores impressas repousarão sobre uma plataforma fixada no centro do salão circular de uma usina de geração de energia. "Minha exposição transporta a floresta para o meio urbano da Alemanha e atrai olhares fascinados", diz o artista. Falando em fascínio, foi justamente essa sensação que o motivou a montar a colossal mostra. A tarefa não foi fácil e levou cerca de dois anos.

Para transformar a emoção em uma inacreditável realidade, ele utilizou as mais avançadas técnicas de impressão em tecido e um programa de computador para organizar e recriar a floresta. O trabalho de campo, em território brasileiro, deu-se há dois anos. O arquiteto e artista plástico nascido em Viena, de pais iranianos, visitou quatro vezes o País fazendo imagens da região do rio Negro. "Eu me dependurava em gigantes troncos para ter os ângulos mais incríveis", diz ele.

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Não foi tarefa fácil para o fotógrafo Asisi

De volta para o seu ateliê em Berlim, transferiu então as imagens para o computador. E veio a ideia revolucionária no terreno tecnológico: "Pensei em usar fios de poliéster porque absorvem melhor a tinta. Dá um maior e melhor realismo, inviável no papel convencional." Asisi explica que a bobina do tecido passa por um tratamento químico chamado coating para poder receber a tinta da impressora digital.Após esse processo, o computador irá tratar a imagem e adequá-la ao tamanho de tecido disponível a exposição Amazonien foi feita em 100 metros de largura e 30 metros de altura, formando uma imagem de três mil metros quadrados: "É de tirar o fôlego.

Não consigo transportar o cheiro nem a vibração da Amazônia, mas parte de sua grandiosidade, sim." Para manter os fios de poliéster planos e estáveis na hora da impressão usamse impressoras piezelétricas adaptadas a um sistema de adesivo contínuo. Explica-se: nessas máquinas o tecido é automaticamente aberto e esticado ao extremo para eliminar rugas. Após a impressão a imagem resultante é fixada por meio de processo químico que permite a aderência da tinta e controla sua penetração na fibra.

"Eu quero somente representar a beleza e a complexidade da floresta do Brasil que estimulam as pessoas a refletir. A nova tecnologia me auxilia nisso", diz Asisi sobre a importância da Amazônia e a atual preocupação mundial quanto aos índices de desmatamento. Além da flora, também a fauna é lembrada na exposição – uma instalação de 25 metros de altura irá retratar os insetos da região. A obra é realizada como parte das celebrações dos 150 anos da morte do naturalista e explorador alemão Alexander von Humboldt e será acompanhada de uma exposição sobre o ecossistema amazônico. Esse é o quarto e maior trabalho que o artista, conhecido em todo o mundo como "arquiteto das ilusões", realiza para sua série Panometer – pinturas colossais de panoramas em 360 graus. Nos anteriores, ele reproduziu o Monte Everest e, lançando mão de alta tecnologia, refez locais que, é claro, jamais viu pessoalmente: a cidade de Dresden no século XVIII e a Roma antiga do imperador Constantino. "Chegou a vez do Brasil", diz Asisi. "Ou, melhor, do coração e pulmão do Brasil e do mundo."

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Em dois anos de idas e vindas ao Brasil, ele reuniu material suficiente para montar o quebra-cabeça tropical

FÔLEGO PARA A FLORESTA

Obras como a do artista alemão Yadegar Asisi atraem os holofotes não só para as belezas da floresta tropical brasileira mas também para o seu maior problema: o desmatamento. Na semana passada, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, divulgou novos números.

SINAL VERDE O desmatamento caiu 82%. O ministro Minc atribuiu o fato à queda do preço de produtos agropecuários no Exterior

Segundo o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) o desmatamento caiu 82% entre agosto e dezembro de 2008 em relação ao mesmo período de 2007. Para o ministro, há uma relação entre a diminuição dos preços dos produtos agropecuários no mercado internacional, que despencaram a partir de outubro de 2008, e a queda do desmatamento.

 



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