Não é ficção científica. É pura realidade. Pesquisadores das universidades de Maryland e de Michigan, nos EUA, publicaram estudo na revista Science relatando a revolucionária técnica através da qual eles conseguiram, pela primeira vez na história da humanidade, teletransportar um íon (átomo eletricamente carregado) de um local para outro, numa distância de um metro.O experimento é chamado "teletransporte quântico" e o que se move, na verdade, é a "informação" do átomo, não o átomo em si. O equipamento desenvolvido pelos americanos conseguiu captar informações da partícula, de um lado, e reconstruí-las do outro com 90% de precisão.

Para tanto, foi utilizado um fenômeno chamado emaranhamento – tão complexo, mesmo para os cientistas, quanto o nome sugere. Trata-se de uma ligação entre duas partículas, que faz com que uma delas se altere imediatamente quando a outra é manipulada. "O estado de emaranhamento demonstra a estranheza da física quântica, e o estudo dos mecanismos pelos quais ele é criado e destruído é de grande interesse", disse Steven Olmschenk, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.

O fenômeno de teletransporte foi teorizado pela primeira vez por cientistas da empresa de computação IBM, em 1993. Quatro anos depois ocorreu a primeira demonstração prática: físicos austríacos conseguiram transportar partículas de luz. É claro que, pelo menos por enquanto, o transporte de pessoas ainda é coisa de filmes. Mas na ciência tudo evolui, desde que o mundo é mundo. Assim, o teletransporte atômico, por exemplo, já tem aplicação: a criação de computadores quânticos, supermáquinas em que a informação é transportada com segurança e rapidez inimagináveis. "O passo que esses pesquisadores deram é muito significativo para a ciência atual, do ponto de vista de testes de fundamentos da teoria e de possíveis aplicações futuras", disse à ISTOÉ o físico Wesley Bueno dos Santos, pesquisador da Universidade Federal de Goiás na área de teletransporte e óptica quântica.

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