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PARCERIA Juliano e Alexandre: não há papéis definidos para as tarefas de casa

Os homossexuais que hoje estão na faixa dos 30 anos tiveram raros modelos positivos de casais do mesmo sexo quando saíam da adolescência. A imagem mais difundida dos gays até meados dos anos 90 era a de pessoas promíscuas, de emoções instáveis e transmissoras de doenças. Com os anos, os homossexuais foram aprendendo a vencer os preconceitos e a construir uma nova imagem de si mesmos, a partir de exemplos de casais gays estáveis e felizes.

Mas há diferenças em relação aos heterossexuais. Pesquisadores da Universidade de Berkeley (EUA) concluíram que gays e lésbicas são mais gentis e menos agressivos e dominadores com os seus parceiros, embora tendam a ser mais dramáticos na relação. “A maioria dos homens heterossexuais detesta discussões de relacionamento, já os gays adoram”, diz o psiquiatra Sérgio Almeida, especialista em transexualidade. Segundo estudiosos, a falta de diálogo numa relação leva ao acúmulo de questões mal resolvidas e, conseqüentemente, ao desgaste. Por isso, os gays tendem a estar mais felizes com os parceiros do que os heterossexuais.

Os estudos também apontam que, ao contrário da maioria dos casais convencionais – em que a mulher cuida da cozinha enquanto o homem leva o carro à oficina –, não há uma divisão clara de tarefas domésticas para um casal gay. Os dois lavam, passam, cozinham, limpam a casa e cuidam dos filhos. “Não existe ‘eu faço isso e você faz aquilo’. Cada um faz o que tem a ver com a sua personalidade”, confirma o artista plástico Juliano Bandeira, 30 anos, que vive há seis com o bancário Alexandre Caçoilo, 34. O mesmo ocorre com o casal Eliana Rodrigues, 54 anos, e Cila Borges, 42, juntas há 12 anos. “Quem chega primeiro faz o jantar”, conta Eliana.

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DUO Eliana e Cila estão juntas há 12 anos

Em compensação, os gays tendem a ficar menos tempo casados do que os heterossexuais. Em 2004, uma pesquisa da Universidade Estadual de Ohio revelou que, em 12 anos, 21% dos casais gays haviam se separado, contra apenas 14% dos heterossexuais. Uma das várias teorias para a fugacidade das relações é que, para os homossexuais, o sexo tem de estar em alta sempre. “Quando acaba o tesão, os gays terminam o relacionamento. Os heterossexuais procuram uma amante, mas não desfazem o casamento”, opina Juliano.

Além disso, como a relação não é legalmente reconhecida, não existe pressão da família, não há filhos biológicos e nem sempre há parceria econômica. Outro desafio para os gays é que o hábito de viver sozinhos leva a um estranhamento da situação de intimidade do casamento. Foi o que ocorreu com o jornalista André do Val, 29 anos, e o estilista William Moreira, 27. Eles dividiram o mesmo teto durante um ano, mas não deu certo. “Não tínhamos grana nem noção de limite da individualidade do outro. Hoje estamos felizes, mas cada um no seu espaço”, conta André.