Uma das mais persistentes mazelas brasileiras é o descaso do País com a própria história. Na terça-feira 24 e na quarta-feira 25, representantes de São Luís, Brasília, Olinda, São Miguel das Missões (RS), Goiás, Salvador e os municípios mineiros de Diamantina, Ouro Preto e Congonhas – as cidades brasileiras reconhecidas como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco (órgão da ONU para educação) – se encontraram na capital maranhense para articular ações comuns em defesa da herança arquitetônica e cultural que exibem com orgulho e, na maioria das vezes, com preocupação. Reunidos na Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM), presidida pelo prefeito de São Luís, Tadeu Palácio (PDT), eles querem que o governo federal reconheça, como disse Palácio, “que se tratam de cidades portadoras de necessidades especiais”. Ou seja, para assegurarem o status conferido pela Unesco e se firmarem como pólo de turismo internacional precisam de dinheiro. Preservar, afinal, custa caro.

O encontro serviu para que São Luís – capital famosa pelo casario colonial de fachadas adornadas por azulejos portugueses – apresentasse seu plano de ocupação de parte de seus 5.600 imóveis tombados, alguns com ameaçadores problemas estruturais. O projeto, em discussão, busca parceiros para a compra de prédios antigos no centro histórico, muitas vezes abandonados pelos proprietários, para que sejam preservados em suas características essenciais e transformados em condomínios de apartamentos. Esses apartamentos seriam destinados a funcionários públicos, que assim ocupariam o centro, revitalizariam a região e ao mesmo tempo estariam perto do trabalho. O projeto de trazer vida ao centro histórico tem outra vertente: convencer cada hotel da orla marítima a construir uma pousada no lugar.