Quem está solteiro e não sofre com a solidão provavelmente é um adepto do sexo casual. Como no futebol, “transar sem compromisso” tem regras. Sobretudo para as mulheres, que historicamente estão acostumadas a associar sexo e amor e costumam sofrer mais com relações descompromissadas. “Todos seriam mais felizes se elas pudessem separar o desejo das paixões. É difícil para as mulheres renunciar à visão romântica do sexo e assumir que o prazer pode (e deve) existir, independentemente do amor”, diz a feminista Isabel Vasconcellos no seu mais recente livro Sexo sem vergonha (editora Soler, 223 págs., R$ 29). Ela pondera que a “instituição do ficar, tão em moda entre os jovens, é um grande avanço”. É cada vez mais comum encontrar solteiras bem resolvidas que praticam o sexo casual sem dramas. Para evitar sofrimento, angústia e não correr riscos, porém, é sempre bom tomar cuidado. Nos encontros fortuitos, não cabe cobrança nem falsas promessas. A paixão é conseqüência. O mais importante, para adeptos, é sair da brincadeira satisfeito. E, claro, respeitar os próprios limites éticos.

Mas no sexo casual nem tudo é tão breve ou superficial. O publicitário Dalmo Louzada, 31 anos, conta que a grande vantagem da transa sem compromisso é que, depois de alguns encontros, se cria um outro laço, baseado na sinceridade total e no respeito. “Outro dia encontrei uma amiga com quem já saí várias vezes. Ela estava com um namorado novo e foi muito tranqüilo e amistoso. Duvido que teríamos a mesma reação caso ela fosse minha ex-namorada. O carinho não é egoísta”, filosofa. Já Daniela Mel, 30 anos, apresentadora da rádio Kiss FM, de São Paulo, destaca a intensidade das relações incertas. “É legal porque quando você encontra a pessoa com quem tem um caso está sinceramente a fim de estar com ela. É muito mais intenso porque não há tempo para discussões, estratégias e ciumeira. E nem falta tesão, o que às vezes acontece em relações estáveis”, explica ela.

Longe de posar de “solteira bem resolvida e coração de pedra”, Dani admite
que já esperou ligações no dia seguinte. Faz parte! O importante é não alimentar falsas ilusões. “Nada de bancar a santinha e não transar na primeira vez só para ele não achar que você é fácil, por exemplo. Também não vale posar de devassa bem resolvida e assumir o discurso do ‘não me apaixono jamais’. Seja você mesma e só faça o que tiver vontade”, aconselha Dani, que coleciona histórias engraçadas – e trágicas – de casos amorosos bem e mal-sucedidos, publicadas
no seu diário pessoal (blog): www.aindabemqueeunaodei.zip.net. O guia de
etiqueta da transa sem compromisso, acima publicado, foi feito por ISTOÉ com a ajuda de especialistas.