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SUTILEZAS
À esq., o homem sensível, com detalhes como sobrancelhas mais finas e lábios mais grossos

Ombros largos, braços fortes, barba cerrada, rosto talhado à faca, nariz proeminente, maxilar quadrado e ar de quem transpira testosterona. O biótipo do homem másculo sempre foi tido como a preferência universal das mulheres. Mas essa unanimidade está ruindo e um novo tipo emerge na preferência feminina: aquele com traços finos e delicados, que transparece sensibilidade. A constatação foi feita por meio de uma alentada pesquisa do Face Research Laboratory, da Universidade de Abderdeen, na Escócia, que consultou mulheres de 30 países para chegar a tal conclusão.

Para a realização do estudo, os pesquisadores de Abderdeen colocaram dois retratos de vários homens, sempre aos pares (um dos retratos ligeiramente modificado) no site www.faceresearch.org e pediram que as mulheres escolhessem um deles. A diferença entre as imagens residia em detalhes como sobrancelhas mais grossas e lábios mais finos, por exemplo. Sutilezas que fazem um rosto parecer mais ou menos masculinizado. As votantes tinham até dez minutos para clicar em seu preferido. Em seguida, os especialistas checaram a origem das participantes por meio dos registros dos computadores na internet e fizeram o levantamento do sistema de saúde de cada país considerando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por fim, criaram um índice de saúde próprio, com base em indicadores de diversas origens, e atribuíram notas para cada um.

 

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PREFERÊNCIA
Laíse gosta de homens com cara de bebê, tal qual seu marido, Igor

O levantamento mostra que não só a preferência pela categoria dos homens com cara de sensíveis vem crescendo como ela está diretamente ligada ao sistema de saúde dos países das mulheres pesquisadas. Soa esquisito, mas é isso mesmo. Quanto mais saudável a localidade – baixa mortalidade infantil, longa expectativa de vida, pouca incidência de doenças contagiosas – mais suas moradoras gostam de homens com feições suaves. Os machões estão totalmente em baixa na Suécia, por exemplo, nação com o melhor sistema de saúde entre o universo pesquisado – apenas 32% das mulheres são adeptas dos rostos mais viris. Já o Brasil está mais abaixo. Levou uma nota inferior no índice e aparece como o lugar onde os homens com traços mais fortes ainda são muito bem votados (leia quadro). A antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Mirian Goldenberg, que realizou um estudo comparativo entre o comportamento das brasileiras e o das alemãs, faz coro com o resultado da pesquisa escocesa. “No Brasil, as mulheres ainda se sentem atraídas por homens altos, fortes, de tórax grande. Gostam deste tipo que parece ser fisicamente capaz de protegê- las”, acredita a estudiosa, que já vê uma mudança de comportamento apontando no horizonte. “Há uma tendência, minoritária ainda, de as mulheres quererem homens mais delicados, gentis, companheiros, românticos. Mais parecidos com elas, enfim.”

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TRADICIONAL
Tatiana ainda prefere os másculos. “São mais práticos”, resume

A advogada Laíse Beatriz Trindade da Silva Queiroz, 23 anos, é um exemplo de brasileira sintonizada com o gosto dos países mais desenvolvidos. Ela já estava atenta às características do novo homem ainda nova, quando, aos 13 anos, se apaixonou pelo hoje marido Igor Thiago Borges Queiroz e Silva, 28. “Gostei do jeito dele de cara, muito fofinho, muito educado e sempre calmo”, conta. Do primeiro beijo ainda na adolescência até a troca de alianças, em novembro passado, Laíse sempre teve a certeza de que Igor, hoje médico residente em infectologia, tinha DNA de bom pai. A advogada confessa que até admira rapazes másculos. “Mas gosto mesmo é de homens com cara de bebê e atitude de homem: maduros e responsáveis.” Para o psicólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Ailton Amélio da Silva, como as mulheres estão independentes financeiramente, o tipo que representa o machão protetor não se faz mais necessário. “Sempre foi assim. Quando havia muito predador ameaçando um grupo, era bom que elas tivessem os machões corajosos por perto para proteger os filhos. Quando os predadores rareavam, as mulheres apostavam nos mais carinhosos, que ajudavam a cuidar da prole”, exemplifica. “No final das contas, é estratégia de sobrevivência do mesmo jeito.”

Ao contrário da advogada Laíse, a administradora de empresas Tatiana Lanza Vieira, 29 anos, é da turma que engrossa as estatísticas brasileiras na pesquisa dos escoceses. “Gosto de homens másculos, tanto que coloquei meu marido para malhar”, diz. “Esses com cara de sensível me parecem melosos.” Tatiana vê nos traços fortes masculinos a objetividade que ela tanto admira. “Eles são mais práticos”, garante, exemplificando, nesta frase, o que permeia essa mudança de comportamento: as mulheres tendem a confundir aparência e personalidade, como se o ator de traços delicados Jude Law fosse incapaz de um gesto grosseiro ou o rústico Clint Eastwood nunca tivesse escrito uma carta de amor. Quase uma embalagem com rótulo autoexplicativo.

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