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TERROR
A bomba que matou o filho de Rogério Andrade (abaixo),
alvo do atentado, causou um rastro de destruição

A disputa pelo império de Castor de Andrade, o bicheiro mais poderoso do Brasil, continua produzindo cenas de violência 13 anos depois de sua morte, em 1997. Dessa vez, a vítima foi Diogo Andrade, 17 anos, morto num atentado cinematográfico na quintafeira 8, no Rio de Janeiro. Um carro de luxo, escoltado por outros dois, explodiu enquanto estava parado no sinal de uma movimentada avenida da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. O fogo também atingiu um dos veículos dos seguranças que faziam a escolta. O atentado, semelhante à forma como a máfia italiana executa seus inimigos, foi uma tentativa de matar o contraventor Rogério Andrade, 47 anos, suposto herdeiro do império de ilegalidades de Castor de Andrade e acusado de comandar a máfia dos caça-níqueis da cidade. Mas quem morreu foi seu filho Diogo, que, apesar de ser menor de idade, dirigia o automóvel – os dois haviam acabado de sair de uma academia, a 300 m do local do acidente. Com o impacto da explosão, o corpo do jovem voou para fora do carro e ele perdeu o braço e a perna esquerda. Andrade sofreu apenas uma fratura no rosto, está internado no hospital Barra D’Or e passou por uma cirurgia na região do nariz e da boca. É a segunda vez que ele escapa: em 2001, sofreu uma emboscada num apart-hotel na Barra da Tijuca, mas a arma do atirador falhou.

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“O fato de o explosivo ter atingido o motorista é um indício de que o autor do atentado queria matar o Rogério, não seu filho”, disse o subchefe operacional da Polícia Civil, delegado Carlos Oliveira. Quem teria interesse em matar Rogério Andrade? Um investigador da Polícia Civil, que pediu para não ser identificado, reformula a questão: “Quem não teria interesse em matá-lo?”. Andrade tem seus inimigos. A divisão da herança criminosa deixada por Castor provocou uma guerra familiar entre seu filho, Paulo Roberto de Andrade, seu genro, Fernando Iggnácio, e o sobrinho Rogério. Em 1998 Paulo Roberto foi assassinado e Rogério condenado pela autoria do crime.

O delegado Cláudio Ferraz, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), não se arrisca a fazer previsões. “A briga entre Rogério e Fernando é clássica, mas ainda é muito cedo para saber.” Há duas outras opções a serem investigadas – um grupo de policiais militares acusados de prestar serviços de pistolagem para um contraventor da cidade e um sargento da PM, supostamente envolvido com a máfia dos caça-níqueis. Em outubro de 2009, esse policial sofreu um atentado, na zona norte da cidade, e atribuiu a autoria do crime a Andrade.

O laudo pericial ficará pronto em cerca de uma semana. “Provavelmente o explosivo já estava dentro do carro. Foi uma armadilha”, diz o consultor em segurança Vinícius Cavalcante. A briga entre os mandachuvas do crime na cidade envolve os herdeiros de Castor e também policiais – os cinco seguranças que faziam a escolta de Rogério, por exemplo, são da PM.