REBELDE
Barry (voz de Seinfeld) fica revoltado ao saber que as pessoas comem mel

Cada vez mais globalizado para evitar a pirataria, o lançamento da safra de fim de ano dos EUA está acontecendo no Brasil quase em sincronia com o mercado americano. A animação Bee movie – a história de uma abelha, por exemplo, quinto filme mais visto por lá, chega aos cinemas brasileiros na próxima semana. Na seqüência, entram em cartaz Encantada, um conto de fadas feito com atores e passado na Nova York dos dias de hoje, e A bússola de ouro, superprodução que tenta repetir o sucesso de O senhor do anéis. No caso das últimas grandes apostas do Oscar (a corrida pela estatueta começa justamente em dezembro) a estratégia é outra. Espera-se sair as indicações em janeiro e, se o filme concorrer em muitas modalidades, sua estréia acontece próximo à entrega do prêmio. O musical Sweeney Todd: o barbeiro demoníaco da rua Fleet, por exemplo, sexta parceria entre Johnny Depp e Tim Burton, só chega ao Brasil no dia 8 de fevereiro. Jogos de poder, principal lançamento do Natal americano junto com Sweeney Todd, vai poder ser visto pelos brasileiros no dia 22 de fevereiro – ou seja, dois dias antes da entrega do Oscar. É a maior prova da confiança do estúdio no potencial do filme,

sobre um congressista americano em dificuldades no Afeganistão durante a ocupação soviética, estrelado pelos sempre cotados Tom Hanks e Julia Roberts.

Embora tenha pouca chance num ano de Ratattouille, Bee movie está faturando muito bem na bilheteria americana (US$ 112 milhões). Trata-se do primeiro projeto de animação do comediante Jerry Seinfeld e levou quatro anos para ficar pronto. Seinfeld dá a voz ao zangão Barry B. Benson, que acaba de se formar na faculdade e se recusa a fazer o que toda abelha faz, ou seja, fabricar mel. Ele sai da colméia e vai para Nova York, onde é salvo por uma florista (Renée Zellweger), de quem fica amigo. Em sua vida entre os humanos, Barry descobre algo que o deixa indignado: as pessoas roubam e consomem o mel que seus semelhantes passam o tempo fabricando. Resolve, então, colocar seu ferrão em funcionamento.

OS PRINCIPAIS LANÇAMENTOS NO BRASIL

Seinfeld, acreditem, disse que sempre se interessou pela vida desses insetos. A idéia do filme, contudo, aconteceu por acaso. Ele estava almoçando com Steven Spielberg (exproprietário da DreamWorks, produtora do filme) e, para quebrar a falta de assunto, disse ao cineasta que tinha um projeto de um filme sobre abelhas, chamado Bee movie. Spielberg gostou do trocadilho entre a palavra abelha em inglês e as produções baratas de Hollywood e achou a idéia genial. No outro dia já tinha armado tudo para colocar a produção em andamento. “Mas eu só tenho o título”, teria dito Seinfeld. E não era uma piada. Apesar de novato no ramo, o comediante (que acumula as funções de roteirista e produtor) deu conta do recado. Mais acidentada foi a produção de A bússola de ouro, orçado em US$ 150 milhões, que vai mostrar a que veio quando chegar aos cinemas dos EUA na semana que vem (no Brasil, no dia de Natal). Seu diretor, Chris Weitz, por exemplo, abandonou o projeto em 2005 e foi chamado às pressas no ano passado quando o diretor substituto, Anand Tucker, brigou com a produtora New Line.

Outro que desistiu no meio do caminho foi o renomado dramaturgo Tom Stoppard, que se julgou incapaz de colocar num roteiro “filmável” a caudalosa saga do escritor inglês Philip Pullman, sobre um mundo paralelo habitado por povos de nomes esquisitos, bruxas e gigantescos ursos árticos falantes. A estreante atriz mirim Dakota Blue Richards vive a protagonista Lyra, sobrinha de um explorador do Pólo Norte que sai em busca de um amiguinho seqüestrado pelos globbers. No reino gelado de Bolvangar, ela é ajudada por Iorek, um gigantesco urso de armaduras. Mas tem que enfrentar a pesquisadora Coulter, uma vilã com as melhores credenciais: é interpretada por Nicole Kidman. O resto são efeitos especiais, atração que nunca falta na variada safra de fim de ano.