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Ele é ligado a antigas tradições românticas, determinado e viril, mas não é o machão do tempo de nossas avós. É sensível sem ser sentimentaloide ou chorão. E, principalmente, é estiloso, embora esteja longe de ser do tipo que divide o espelho – e os cremes – com elas. Este é o retrato do homem ideal, segundo pesquisa que ouviu 2.800 mulheres, entre 18 e 35 anos, em 14 países, incluindo o Brasil. Estamos falando do neossexual, termo cunhado por Claude Rivière, sociólogo francês e professor da Universidade Sorbonne, de Paris. "Uma nova masculinidade está brotando. Ela resgata o charme da tradição e abandona a futilidade dos metrossexuais", diz Rivière, que interpretou os dados em primeira mão.

O estudo mostra que as mulheres estão cansadas daquele homem contemporâneo, exageradamente dependente das tecnologias. Cerca de 90% delas prefere receber uma ligação a um torpedo, que é muito mais impessoal. A pesquisa também aponta que 72% das entrevistadas se sentem mais atraídas por homens fortes e de atitude, que sabem o que querem e conquistam seus objetivos. A virilidade esteve entre as principais características masculinas valorizadas pelo sexo oposto. A enquete, realizada pelo Instituto Datosclaros por encomenda da marca de desodorantes Axé, revela que 85% das mulheres querem ser beijadas com paixão e levadas para a cama sem hesitações. Nesse quesito, as brasileiras se mostraram as menos recatadas: 96% concordaram com a afirmação, enquanto apenas metade das japonesas disse se sentir seduzida dessa forma.

Segundo o psicólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Ailton Amélio, esta preferência feminina é sinal dos tempos. Antes da revolução sexual, prevaleciam os mais rústicos e duros. Depois dela, as mulheres passaram a buscar a igualdade com seus parceiros. "Algumas exageraram nas exigências e muitos homens se sentiram pressionados", diz Ailton. Isso explicaria o surgimento dos chamados metrossexuais, termo cunhado no final da década de 90 para dar nome aos homens que dão muita importância à sua aparência física.

As mudanças de comportamento na relação masculino/feminino costumam ter variação pendular. "Nesse caso, oscilou da preferência dos mais machistas, de um lado extremo, para os metrossexuais, de outro", explica Ailton, para quem os neossexuais seriam uma opção no meio do caminho. O estudo mostra que os metrossexuais perderam mesmo espaço entre as mulheres se é que algum dia de fato tiveram algum. A pesquista mostrou que 75% delas estão fartas de dividir seus cremes e espelho com eles.

Os processos que resultam na atração sexual entre as pessoas são um permanente desafio para a ciência. O evolucionista Charles Darwin já defendia a ideia de que, mesmo inconscientemente, homens e mulheres buscam no parceiro qualidade de genes. Isso explicaria a preferência feminina pelos fortes e vistosos, pois assim teriam mais chances de gerar filhos robustos. Já foi comprovado cientificamente que seres humanos se influenciam por odores e por informações visuais que vão desde características físicas até o tom da roupa durante o jogo da sedução. Questões culturais também influenciam as escolhas. Em certas tribos, por exemplo, as mulheres valorizam o homem guerreiro, que sai para caçar. Hoje em dia, pelo menos no Ocidente, o grande atrativo cultural é o dinheiro.

Uma pesquisa realizada pelos evolucionistas Thomas Pollet e Daniel Nettles, da Universidade de Newcastle, na GrãBretanha, e publicada em janeiro, afirma que homens ricos proporcionam mais prazeres às mulheres durante relações sexuais. E quão longe estão as mulheres deste homem ideal, que não é machão nem metrossexual, que é viril, mas chegado nas tradições românticas? Muito pouco, acredite. A boa notícia é que o neossexual existe – e no Brasil. De acordo com a pesquisa Novo Homem, do Ibope Midia, divulgada há um ano, os machos de antigamente estão dando espaço a um homem mais sensível, companheiro e flexível. Agora, é cada mulher encontrar o seu.