Irmãos (Son frère, França, 2003), de Patrice Chéreau, em cartaz em São Paulo na sexta-feira 27, trata de um tema caro ao sucesso do canadense Denys Arcand, As invasões bárbaras. Vítima de uma doença terminal, homem procura ajuda de um parente distante, cujo relacionamento no passado não traz boas lembranças. No filme francês, o doente é Thomas (Bruno Todeschini), que encontra no irmão mais novo, Luc (Eric Caravaca), apoio em seus últimos dias. Detalhe: durante toda a vida, ele manteve-se afastado do caçula por não aceitar sua homossexualidade.

Em As invasões bárbaras existe espaço para humor graças à ironia fina do professor Rémy, que sofre de câncer. O mesmo não acontece com Thomas na história de Chéreau. Ele não quer morrer e a relação com o irmão é pontuada pela mágoa. Num dos diálogos que resume bem o filme, Luc rejeita a tentativa de aproximação do irmão. “Eu só te ajudei e pronto. É assim que acontece.” Como em Intimidade, título anterior de Chéreau, cenas austeras ruminam uma emoção reprimida. É justamente quando Marianne Faithfull entoa a linda Sleep que os sentimentos contidos transbordam na tela.