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Enquanto a humanidade assistia encantada ao homem pisar a lua nos anos 1960, um americano chamado Jules Klar, que integrava o time do encantamento, fazia fama e fortuna no ramo do turismo criava pacotes promocionais para americanos conhecerem a Europa por apenas US$ 5 diários. O negócio cresceu e a sua agência de turismo especializou-se naquilo que se pode denominar locais exóticos. Nenhum desses destinos, no entanto, jamais superará, no quesito exotismo, a última empreitada de Klar: a promoção de viagens ao espaço.

Ele se associou à empresa americana XCOR Aerospace e está oferecendo voos por US$ 95 mil que dão aos turistas o direito de permanecer no espaço por meia hora. A nova companhia de Klar, a Rocketship Tours, será concorrente direta da até então única agência do mundo a explorar esse filão, a britânica Virgin Gallactic – com a diferença de que os preços de Klar são 50% menores. "Eu prefiro chamar os meus voos de acessíveis. O segredo é que toda a tecnologia do foguete foi desenvolvida para reduzir o custo de operações", disse com exclusividade à ISTOÉ Douglas Graham, porta-voz da Rocketship.

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Há diversos fatores que permitem a Klar popularizar sua empreitada, como, por exemplo, a possibilidade tecnológica de sua nave, batizada de Lynx, se valer de combustível mais barato. Além disso, ela decola e pousa sem a necessidade de outros foguetes, tem apenas dois lugares e voa a 61 quilômetros de altitude – não sai da órbita, mas faz com que os passageiros tenham uma exuberante visão da Terra. O modelo da aeronave foi escolhido para que o passageiro tenha uma experiência intimista, sentado na poltrona do co-piloto.

"A evolução natural da exploração humana não tem limite. Está emergindo uma nova era de abertura de caminhos no espaço", diz Klar. A rigor, desde 2001 os passeios espaciais não mais são restritos a astronautas e cientistas, mas o preço do bilhete de embarque, para o turista, andava em patamares astronômicos: US$ 20 milhões. Esse caríssimo tour se dá a bordo da nave russa Soyuz e, na prática, nada mais é do que uma lucrativa carona – como a Soyuz tem mesmo de ir até a Estação Espacial Internacional (ISS) e dela regressar, vendem-se lugares vagos para turistas.

O dinheiro ganho com isso ajudou a Rússia a bancar seu projeto. Agora, a era da carona está acabando porque os assentos extras na Soyuz estão sendo utilizados cada vez mais por astronautas americanos enquanto a Nasa não conclui o processo de renovação de sua frota. O último passeio na Soyuz será em março deste ano, mas nem no voo do adeus houve abatimento no preço. A estreante companhia XCOR e a já existente Virgin Gallactic programam idas suborbitais, enquanto a Soyuz percorria toda a órbita terrestre. "São experiências muito diversas", diz Graham.

E de fato são, não só no trajeto percorrido mas também nos preços: US$ 20 milhões são uma coisa, US$ 190 mil e US$ 95 mil são outra bem diferente. Esse turismo espacial mais barato começará já em 2010 nos voos da Gallactic e em 2011, na XCOR. Essa empresa tem 20 reservas e cada interessado teve de depositar antecipadamente US$ 20 mil para cobrir despesas com seu treinamento e exames médicos. O primeiro turista a garantir vaga foi o banqueiro dinamarquês Per Wimmer. "Quero experimentar o espaço", diz ele. "E num assento na primeira fila".

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