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Fé: filme dirigido por Raquel Couto que fala da relação do Rei Roberto Carlos com a religião

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O Berço: filme dirigido por Raquel Couto que traz informações sobre a infância do Rei Roberto Carlos

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POP E ERUDITO
Marcello Dantas (acima), que em agosto apresenta mostra de Laurie Anderson em São Paulo, considera
a exposição sobre Roberto Carlos uma oportunidade de injeção de um novo público no circuito de arte

De Gary Hill a Pelé, de Anish Kapoor a Roberto Carlos: o erudito e o popular se retroalimentam nas curadorias de Marcello Dantas. Exemplos do trânsito pop-erudito não faltam nos 20 anos de carreira desse diretor, curador e produtor carioca que já colocou a companhia catalã de teatro experimental La Fura dels Baus no gramado do Estádio do Maracanã. Hoje, quem visita o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, pode se surpreender com um poema barroco de Gregório de Mattos lido pelo cantor de rap Rapin’Hood. Mas não faz ideia de que na Oca, no Parque do Ibirapuera, os 50 anos de carreira do mais popular de nossos compositores são cantados em videoinstalações realizadas por artistas contemporâneos como Carlos Nader e a dupla Gisela Motta e Leandro Lima. Na orquestração desses eventos está Marcello Dantas, responsável por 120 curadorias de exposições e nove projetos de museus, no Brasil e na América Latina. “Meu projeto é construir pontes entre os mundos, construir públicos”, diz Dantas, diretor artístico do Museu da Língua Portuguesa, que já ultrapassou os dois milhões de visitantes e é recorde de público desde seu lançamento em 2006, e do recém-inaugurado Museu das Minas e do Metal, em Belo Horizonte, empreendimento de R$ 25 milhões financiado pelo empresário Eike Batista.

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O novo Museu das Minas e do Metal são grandes produções
que atraem públicos numerosos

Em comum, esses projetos têm o uso de recursos interativos, que funcionam como porta de acesso a conteúdos históricos e educativos. “Quando comecei a trabalhar, percebi que algo estava errado ao não conseguir me comunicar com minha mãe, com minha tia”, diz Dantas, que nos anos 1980 realizava videodocumentários e programas de televisão. Formado em cinema e televisão e pós-graduado em telecomunicações interativas, pela New York University, ele construiu uma carreira de sucesso com a mesma meticulosidade de quem constrói uma tese de doutorado. “Entendi que o que é importante na interatividade não é o fator tecnologia, mas a inclusão social que ela propicia. Interatividade é muito importante em um país de excluídos.” Sua tese é a de que a maneira de dialogar com o grande público é “pensar e fazer grande”. E a sua estratégia se apresenta em mostras de grande porte, que articulam várias linguagens e alcançam forte apelo midiático. “Este é o país do Carnaval e a cultura brasileira é a cultura do espetáculo”, defende.

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CULTURA DO ESPETÁCULO
As exposições “Bossa na Oca”

Para um curador que traz ao Brasil artistas internacionais como Gary Hill, Bill Viola, Jenny Holzer e Anish Kapoor (cuja mostra teve 517 mil visitantes), nomes de apelo extremamente popular como Roberto Carlos são importantes para “abrir a possibilidade de injeção de um novo público dentro desse sistema cultural de exposições”. Seu próximo trunfo, uma individual de Laurie Anderson em agosto no CCBB-SP, surgiu quando visitaram juntos a mostra “Bossa na Oca”, vista por 180 mil pessoas. “Estamos criando um novo modelo de exposições e os outros países estão vindo buscar referências aqui”, diz o curador, que está projetando o Museu da Língua Espanhola para a Colômbia e a Argentina. Marcello Dantas pensa grande.

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CULTURA DO ESPETÁCULO
“Anish Kapoor”