Barack Hussein Obama é o homem certo na hora errada. Sua festa foi magnífica, a chegada do primeiro presidente negro à Casa Branca emocionou a todos, mas Obama acaba de assumir o pior emprego do mundo. Da posse até janeiro de 2013, quando se encerra seu mandato, é provável que o grande abacaxi americano ainda não tenha sido totalmente descascado. É possível até que ele entre para a história como o último presidente da era imperial dos Estados Unidos.

Na cerimônia e no discurso de posse, Obama buscou inspiração nos dois melhores líderes da história americana: o republicano Abraham Lincoln e o democrata Franklin Delano Roosevelt. Lincoln libertou os escravos e evitou a divisão do país. Roosevelt, que assumiu a Casa Branca quatro anos após a crise de 1929, pôde encerrar a Grande Depressão. Mas Obama não será nem um nem outro. O mais provável é que seja apenas o gestor de uma grande recessão, que poderá corroer todo seu mandato. As montadoras americanas estão insolventes, os grandes bancos quebraram e as estimativas mais conservadoras prevêem o corte de 2,5 milhões de empregos em 2009. Nada disso se resolve com passes de mágica e os efeitos de uma crise tão aguda, que está apenas no seu começo, se prolongam por vários anos. Para piorar, o remédio escolhido, que é a emissão ilimitada de moeda, parte do pressuposto de que o déficit dos Estados Unidos será sempre financiado pelo resto do mundo, não importando o tamanho do rombo. No entanto, mais cedo ou mais tarde, a bolha do dólar também irá estourar. Com uma moeda fraca, os americanos, que há décadas assumem um padrão de consumo artificial e bem acima de suas possibilidades, empobrecerão ainda mais.

Incapaz de gerar boas notícias na economia, Obama acertou ao abrir uma agenda positiva no campo diplomático. A decisão de interromper os julgamentos e fechar a prisão de Guantánamo contribui para recuperar a combalida imagem americana. Mas a promessa feita no discurso de posse de que os Estados Unidos estão prontos para "voltar a liderar o mundo" soa otimista. A crise atual marcará a transição do império de Washington para um mundo pós-americano, onde os EUA serão uma peça a mais no tabuleiro, com a vantagem de ainda terem o poderio militar. Por melhor que seja, Obama dificilmente corresponderá às imensas expectativas nele depositadas.