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ANIMADO
Antes de entrar oficialmente em campo, Serra deixou pronta a agenda do vice-governador

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Habilidoso no trato com os números, o governador paulista, José Serra (PSDB), dedicou boa parte de suas madrugadas nas últimas semanas para analisar pessoalmente diversas pesquisas qualitativas. E foi ele próprio o responsável por traçar uma estratégia básica de campanha para os próximos meses. Serra está convencido de que para vencer a eleição presidencial precisa abrir uma vantagem sobre a ministra Dilma Rousseff (PT) de 4,5 milhões de votos em São Paulo. É essa convicção que o mantém no Palácio dos Bandeirantes até o dia 2 de abril e pautou o que ele batizou de “primeiro tempo” da campanha. Trata-se do período compreendido entre os meses de abril e junho. Nesses 90 dias, além de se dedicar à organização dos palanques regionais e às articulações com partidos aliados, Serra manterá uma estreita parceria com o vice-governador, Alberto Goldman, e com os principais secretários do governo paulista. Foi Serra o principal responsável pela definição da agenda a ser cumprida por Goldman à frente do Palácio dos Bandeirantes. “Falamos exatamente a mesma língua. Não haverá grandes mudanças no governo e nos próximos meses o Goldman fará inaugurações diárias em todo o Estado”, avisou Serra a assessores. Em busca dos 4,5 milhões de votos a mais do que Dilma em São Paulo, a preocupação maior do governador nesse “primeiro tempo” da campanha é evitar o que tem definido a alguns interlocutores como “lembonização do governo”. Em 2006 o tucano Geraldo Alckmin venceu Lula em São Paulo, mas com uma diferença de apenas um milhão de votos. Na ocasião, Alckmin deixou o governo paulista nas mãos do vicegovernador Cláudio Lembo (DEM), que durante a campanha se mostrou muito mais crítico do que aliado do tucano.

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SÉRGIO GUERRA
O senador aposta que a experiência fará a diferença entre os candidatos

Chegou a dizer que imaginou pilotar um Mercedes, mas que recebera um Fusca e não conseguiu administrar crises como a da segurança, com os atentados do PCC na capital que repercutiram até no Exterior. “Para que a história não se repita, Goldman tem acompanhado todas as ações do governo, conhece em detalhes os números e a situação de cada área”, disse à ISTOÉ um secretário com gabinete no Palácio. Nos próximos dias, a prioridade de Serra será resolver o impasse com os professores em greve, a fim de que Goldman possa, a partir de 3 de abril, tocar sem contratempos a agenda de inaugurações. “A greve é política, fomentada por lideranças ligadas ao PT e que buscam apenas desestabilizar o governo”, afirmou Serra em uma reunião na noite da quarta-feira 24, horas depois de a Polícia Militar deter quatro militantes do sindicato dos professores durante uma manifestação diante de uma unidade de saúde inaugurada pelo governador. Até junho, as obras inauguradas por Goldman serão basicamente relacionadas à educação. Cerca de 40 escolas técnicas deverão ser abertas em São Paulo. Em suas declarações, Serra vai chamar a atenção para a questão do desemprego e da baixa qualificação da mão de obra no Brasil. Paralelamente, em São Paulo ocorrerá um boom de inaugurações de Fatecs e Etecs. As pesquisas mostram que em cada grupo de dez alunos dessas escolas oito terminam o curso com empregos garantidos. “Esse é um dos exemplos que mostram de forma muito clara como o PSDB administra os recursos públicos olhando para o futuro”, diz o secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, précandidato tucano ao governo paulista. De julho até 17 de agosto, quando terá início o horário eleitoral na televisão, Serra entrará no “segundo tempo” da campanha. Também ancorado em pesquisas qualitativas, o governador de São Paulo vai passar a explorar a questão da saúde, principalmente as deficiências nas campanhas de vacinação, hospitais, produção e distribuição de remédios.

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CONFRONTO
Professores sindicalistas são detidos e Serra fala em greve política

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Nas entrevistas, já como candidato oficial do PSDB, o tucano irá reforçar a boa imagem que deixou após sua passagem pelo Ministério da Saúde e na agenda de Goldman estão previstas inaugurações de hospitais no interior e dezenas de AMEs (Ambulatório Médico de Especialidade) por todo o Estado. O embate direto com a candidata Dilma Rousseff virá com o início do horário eleitoral, no “terceiro tempo” da campanha. O mote será a comparação de biografias e de suas histórias como gestores públicos. Nos primeiros programas de tevê, os tucanos irão abordar as moradias populares. Serra planeja mostrar que as unidades habitacionais construídas em São Paulo são mais baratas, maiores e com material de construção superior às entregues pelo governo federal. “Usar menos dinheiro para entregar um equipamento melhor à população é a prova de uma gestão mais competente do que a outra”, afirma o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra. A estratégia não será bater no governo Lula, mas dizer com clareza que, para continuar a avançar o País precisa de gestores mais experientes. Para dar o máximo da capilaridade à campanha, serão criadas coordenações regionais. “Vamos escalar coordenadores com poder. E não serão apenas do PSDB, mas de todos os partidos que compõem a nossa aliança”, afirma Guerra. “Queremos menos desperdício e mais produtividade.” Dentro desse contexto, a juventude tucana será convocada para alimentar as redes sociais da internet, com a criação de blogs, sites e divulgação das atividades de Serra por intermédio do Twitter. Também nas próximas semanas, o PSDB deverá anunciar Luiz González como o marqueteiro principal da campanha. O anúncio ainda não foi feito porque houve um namoro de dirigentes do partido com o publicitário Duda Mendonça. Irritado com o PT, Duda disse, em tom de desabafo, em conversa com governadores e parlamentares tucanos, que toparia até baixar em 40% o preço cobrado usualmente para ajudar Serra. Um dos principais defensores da entrada de Duda na campanha do PSDB é o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), mas setores do PSDB acham Duda “um cara complicado” para tocar o projeto nacional, pelo fato de ter sido muito próximo de Lula e do PT. Se não puder trabalhar como marqueteiro oficial, Duda admite até contribuir com Serra como consultor.

Colaborou Sérgio Pardellas (Brasília)


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