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Na África do Sul, o futebol tem uma data instituída. Nas sextas-feiras, conhecidas como Football Friday, a população sai às ruas vestindo camisas de seleções para esquentar o clima da Copa antes do início da disputa, em junho. Esse foi um dos motivos que levaram os dirigentes sul-africanos a escolher a sexta-feira 26 para fazer a bola rolar pela primeira vez no Soccer City. Principal palco entre os dez que receberão jogos no Mundial, o estádio irá sediar a abertura, a final e outros seis confrontos. Enquanto isso, os operários responsáveis pelas obras do Soccer City foram convocados para trocar a picareta por chuteiras e disputar a primeira partida no novíssimo gramado. Abrir o templo da Copa com uma partida entre sul-africanos é mais um capítulo para a história cheia de simbolismo dessa arena. Ali, sobre o antigo gramado do então FNB Stadium, como era chamado o Soccer City, Nelson Mandela proferiu, há 20 anos, seu primeiro discurso após passar quase três décadas atrás das grades.

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Foi nesse palco, também, que os Bafana Bafana se sagraram campeões da Copa das Nações Africanas, em 1996. Reformado depois de 30 meses de trabalho e R$ 722 milhões, o Soccer City continua com a cara da África do Sul, de acordo com o arquiteto Vicente de Castro Mello. “Esse projeto é o que mais está contextualizado com o país e o deixou em harmonia com a região”, diz Mello, que visitou o estádio neste mês por ser vice-coordenador da equipe de arquitetos da Copa de 2014. Com capacidade para receber 94 mil espectadores, a construção causa impacto pela grandiosidade. Um museu esportivo, restaurantes, lojas, auditórios para reuniões e festas fazem parte desse centro de entretenimento, como são chamados os modernos estádios do mundo. É o design, porém, que o aproxima das raízes africanas.

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ESTILO
O design foi inspirado em um vaso de cerâmica sul-africano

O Soccer City lembra um tradicional vaso de cerâmica local conhecido como calabash. O tom ferroso de sua fachada, feita de placas cimentícias (uma mistura de fibras com cimentos pigmentados), integra a construção com a paisagem da redondeza formada por montanhas criadas a partir dos rejeitos retirados das minas de ouro. “De noite, com as luzes acesas, o mosaico de cores que envolve o estádio o faz parecer um jarro cozinhando no fogo”, diz o urbanista e arquiteto Leon Myssior, que também visitou as obras. Foram necessários dez mil toneladas de aço, 8,5 milhões de tijolos e 80 mil m2 de concreto para dar vida ao Soccer City. As obras ao redor do estádio ainda prosseguem. Construído originalmente em 1987, a arena fica em uma das entradas de Soweto, gueto a sudoeste de Johannesburgo que insurgiu contra o apartheid, o regime de segregação racial. “Essa localização visa integrar Soweto com Johannesburgo, criando destinos e ocupando áreas entre essas cidades da região metropolitana”, explica Myssior. “Tem caráter urbano, mas também um sentido político e cultural.” É nesse local que a partir de 11 de junho, com uma partida entre África do Sul e México, irá pulsar o coração do futebol no mundo. Claro, numa sexta-feira.

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