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DIFUSÃO VERMELHA
Sistema tem 98 mil nomes de criminosos famosos e anônimos

No mundo globalizado, a cooperação entre as polícias internacionais tornou-se uma das armas mais letais de combate ao crime, e a Interpol se sofistica nessa direção. A organização hoje conta com 188 países-membros, dentre os quais o Brasil, e tem uma rede de troca de informações conhecida pelo código I-24/7 (Interpol – 24 horas/7 dias por semana), que se ramifica em difusões. Ao todo são cinco, cada qual de uma cor em razão do tipo de informação que dissemina. A estrela da companhia é a Difusão Vermelha, que prevê a prisão de foragido internacional para fins de extradição e cuja lista integra 98 mil nomes. Desses, 325 são procurados pela Justiça brasileira. Alguns famosos, como o deputado Paulo Maluf (PPSP) e seu filho Flávio, as mais novas aquisições da vertente tupiniquim na Difusão Vermelha, ou o banqueiro Salvatore Cacciola, que foi capturado em 2005 graças a esse recurso. Outros são ilustres anônimos, como Antonio Elso Clem e José Paulo Vieira de Mello. O primeiro, procurado pela Justiça da República Dominicana e acusado de fazer parte de uma quadrilha que fraudava o sistema de concessão de vistos para trabalho temporário nos EUA e, o segundo, o gaúcho Vieira de Mello, conhecido como Paulo Seco ou Dois Patinhos, um dos maiores traficantes de cocaína do Sul do País.

Na maioria dos países o simples fato de o indivíduo constar na lista da Difusão Vermelha é motivo suficiente para seu acautelamento, enquanto as autoridades do país que expediu o alerta são consultadas. “Em Portugal, o sujeito fica preso durante 48 horas e na Inglaterra, por cinco dias, até que o Estado que requereu a prisão diga se tem interesse na extradição”, explica o diretor da Interpol, delegado José Botelho. Mas no Brasil não é assim. Aqui, o suspeito ou criminoso só pode ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) após longo trâmite burocrático. O Brasil também é acusado de cooperar pouco. Mas há quem batalhe para mudar esse perfil. É o caso do corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Gilson Dipp, que no início do ano determinou que ao expedirem mandados de prisão, os juízes comuniquem à Polícia Federal para inclusão do foragido na Difusão Vermelha. Graças ao sistema da Interpol, no ano passado foram feitas 25 extradições. Além da Vermelha, as demais difusões são a Amarela, Azul, Preta, Verde e Laranja. A primeira é usada para ajudar a localizar desaparecidos, normalmente menores de idade. A Azul serve para coletar informações adicionais a respeito da identidade ou possíveis atividades criminais de alguém. Já a Preta busca informações a respeito de corpos não identificados e a Verde fornece avisos sobre pessoas que cometeram crimes e têm tendência a repeti-los em outros países, como os pedófilos. Por fim, a Laranja denuncia possíveis ameaças de armas disfarçadas, bombas ou outros materiais perigosos.