Nossa, como você rejuvenesceu!
Para saborear um elogio desses, cada vez mais mulheres e homens se dispõem a experimentar novos cremes e tratamentos de beleza. Melhor ainda se eles oferecem a promessa de fazer com que o felizardo volte a ficar com a pele como a de dez anos atrás. Afinal, remoçar um, dois anos é bom. Mas dez é bem melhor. É dentro desse espírito que a Dior lançará no mês que vem o sistema antiidade Capture Sculpt 10. São três produtos (para rosto, pescoço e queixo, maçãs do rosto e lábios) que, segundo a empresa, são capazes de remoçar a cútis em até dez anos ou, dito de outra forma, prolongar a vitalidade da pele por mais uma década. Para obter esse efeito, foi usado até ativos vegetais exóticos, como os azeites de camiphora e mamaku, extraídos de plantas originárias da Nova Zelândia. De acordo com a companhia, essas substâncias provocam reações na pele que garantem, entre outras coisas, o preenchimento de sulcos nas maçãs do rosto e nos lábios.

A novidade reforça a tendência de criação de produtos com o apelo de um rejuvenescimento radical. O consumidor gosta, é claro. No ano passado, essa promessa fez sumir rapidamente os estoques do Age Reverse, da Nívea, que promete uma pele dez anos mais jovem.

Os produtos da nova safra procuram caminhos para combater um dos maiores inimigos da vitalidade da pele: a destruição das fibras de colágeno (dão sustentação à cútis) causada pelo sol, cigarro e também pelo avanço inexorável do relógio biológico. “A indústria investe na prevenção para que a pele se mantenha jovem daqui a alguns anos e na recuperação das suas estruturas para impedir que percam as suas funções”, explica Luciana Villa Nova, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Natura. Nessa linha, outra novidade é o creme Lifacctivpro, da Vichy, que também estará à venda em junho. De acordo com a empresa, o uso diário durante três meses recupera o estoque de fibras da pele, minimizando rugas.

Outra aposta é o desenvolvimento de cosméticos para melhorar a comunicação entre as células. Isso potencializaria mecanismos que dificultam a contração muscular, origem das famosas rugas de expressão. No mercado, já existem muitos cremes com essa proposta, como os que contêm DMAE.

Proteína – Na verdade, a busca dos cientistas por soluções às vezes resulta em teorias polêmicas. O badalado dermatologista americano Nicholas Perricone, médico de celebridades como Brad Pitt e Julia Roberts, por exemplo, promete lançar no Brasil até o fim do ano um tratamento à base de neuropeptídeos (pedaços de aminoácidos, os elementos constituintes das proteínas). “Esses fragmentos de proteína deixam a pele radiante”, afirma Perricone, que terá outros de seus cosméticos disponíveis na nova Daslu (SP) a partir de julho. Em tese, o uso dos cremes ajudaria a repor esses peptídeos, auxiliando no reparo das estruturas da pele. Nada disso, porém, está comprovado.

Nos consultórios, há um vasto cardápio de opções que, se bem indicadas, podem ter resultados surpreendentes. Vão desde o uso da toxina botulínica e ácidos até cirurgia plástica. Entre os recursos mais usados estão os preenchedores, substâncias injetadas em rugas e vincos mais profundos para atenuá-los. A novidade é a chegada do Sculptra nas próximas semanas. Além de preencher rugas e sulcos, o produto é indicado para restaurar o volume e o contorno na região entre a bochecha e o queixo. Também é considerado um potente estimulador do colágeno. “Ele preenche naturalmente as rugas”, diz o dermatologista Otávio Macedo (SP). Mas não é só. O menu de laseres antienvelhecimento também cresceu. O Fraxel, com poder de atingir as camadas mais profundas da epiderme, é esperado nos consultórios até o final do mês. O aparelho ameniza manchas, rugas e cicatrizes de acne e acena com uma revitalização geral da pele.

A oferta de cremes e tratamentos é grande. Mas será realmente possível rejuvenescer dez anos ou mais? “Isso pode ser feito apenas com a combinação de tratamentos”, diz a dermatologista Ana Pinheiro, de Brasília. Ainda assim, o impacto das terapias não é igual para todos. “Os resultados dependem da idade, do estilo de vida e de uma boa hidratação”, esclarece Jayme de Oliveira Filho, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Também é importante lembrar que, dependendo do grau de flacidez da pele, a única saída pode ser a cirurgia plástica. “É fundamental fazer uma boa avaliação para indicar a melhor estratégia”, diz o cirurgião plástico Marco Aurélio Faria-Corrêa, que mantém clínicas em Porto Alegre e Cingapura.

Por fim, não se deve ignorar a voz da experiência. A dermatologista Ediléia Bagatin, de São Paulo, diz que muita gente não usufrui plenamente dos benefícios auferidos nos tratamentos. “As pessoas remoçam no rosto, mas não melhoram o estilo de vida. Comem mal, não fazem exercícios, fumam. Desse jeito, os resultados duram menos. A disposição de mudar precisa ser maior”, alerta.