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Telescópio embarcado: além de apostar em observatórios na órbita da Terra, a Nasa investe nas descobertas realizadas a bordo de um avião

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LABORATÓRIO
Cientistas em ação no interior do Sofia

A imagem impressiona. Em pleno voo, uma porta se abre na parte traseira de um Boeing 747 e revela um telescópio infravermelho com 2,5 metros de diâmetro e 17 toneladas. Construído pela Nasa, o Centro Aeroespacial da Alemanha e um consórcio de universidades americanas e alemãs, o artefato pode ter papel decisivo no avanço de nosso conhecimento sobre o cosmos. Cabe a ele descobrir como novas galáxias e planetas se formam e caçar sinais de matéria orgânica no espaço sideral – primeiro passo na busca por outras formas de vida. Batizada de Sofia (sigla em inglês para Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha), a aeronave está na fase final de três anos de testes e promete apresentar suas primeiras  descobertas em breve. “Ela vai voar acima da camada de vapor d’água da atmosfera, uma espécie de escudo que impede que a maior parte da radiação infravermelha do Universo seja captada por telescópios instalados na superfície do planeta”, diz Dana Backman, um dos líderes do experimento. Ele explica que a mobilidade foi outro fator decisivo para o projeto.

Diferentemente do Hubble, em órbita desde 1990, o gigante Sofia voltará para casa depois de cada uma de suas missões. “Dessa maneira, poderemos resolver eventuais problemas, melhorar progressivamente a tecnologia embarcada e adicionar novos equipamentos – além disso, o custo final é muito mais baixo do que o de um observatório em órbita”, afirma o astrônomo americano. A grande diferença entre um avião de carreira convencional e o Sofia é a altitude de seus voos. Enquanto o primeiro atinge uma média de 10.600 metros, o segundo alcança 13.700, já na camada atmosférica chamada de troposfera. Outro diferencial é o piloto automático especialmente desenvolvido para a nova aventura humana no espaço. Voando em uma rota curvilínea previamente estabelecida, ele ajuda o telescópio a manter o foco em um objeto determinado pelos astrônomos como se estivesse preso ao chão. “Nossa maior dificuldade foi encontrar uma forma de manter o avião estável mesmo com a porta aberta”, diz Backman. Resta saber se a nova iniciativa será um tampão eficaz durante o intervalo entre a aposentadoria do Hubble, agora prevista para 2013, e o lançamento de seu sucessor, o aguardado James Webber, que promete entrar em órbita daqui a quatro anos. Os fãs das imagens arrebatadoras do Universo agradecem.

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