brasil_candidatos_01.jpgA sala fica no segundo andar de um galpão que o empresário e senador Paulo Octávio (PFL-DF) possui no Setor de Indústrias de Brasília, região distante do centro, ao lado de uma das maiores feiras de produtos contrabandeados do País, a Feira do Paraguai. É nesse galpão que está instalado o comitê central da campanha do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. Foi dali que ele tomou conhecimento, na segunda-feira 24, da inauguração do comitê de seu principal rival na disputa de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT. A estrutura de campanha de Lula funcionará em três andares de um prédio no Setor Comercial Sul, zona central de Brasília. Apenas para a reforma do espaço de 1,4 mil metros quadrados, o PT gastou R$ 600 mil. O custo mensal previsto para a manutenção do comitê e seus funcionários deverá bater a casa dos R$ 500 mil. Ao final, prevê-se, somente para o comitê, uma reserva de R$ 3 milhões. “PT, quem te viu, quem te vê”, comentou Alckmin, ao saber dos números.

brasil_candidatos_03.jpgA inauguração do comitê central coincide com a decisão de Lula de dar uma guinada na sua campanha. Há duas semanas, estabeleceu um ritmo lento e discreto para as suas aparições eleitorais, já que “uma disputa acirrada” era algo que “só interessava aos adversários”. A pesquisa do Ibope, divulgada na quarta-feira 26, mudou tudo. Lula caiu de 49% para 44%. Alckmin subiu de 19% para 27%, e Heloísa Helena (PSOL) passou de 6% para 8%. Cresceu a possibilidade de segundo turno. Com isso, Lula resolveu que será menos presidente e mais candidato: fará pelo menos um comício no meio de cada semana.

brasil_candidatos_04.jpgO comando petista aposta na localização como a principal vantagem das salas que alugou, por R$ 22 mil mensais. O candidato tucano está longe do centro. Sua maior vantagem, no entanto, é que não terá de pagar pela utilização do espaço. Será uma doação de Paulo Octávio. Em termos de área, Alckmin dispõe de um espaço quase tão grande quanto o de Lula. Os dois andares do galpão tucano somam 1,2 mil metros quadrados. Lula terá 160 funcionários em seu comitê. Alckmin terá menos da metade: 70. Se o bunker de Alckmin parece simples perto do de Lula, os casos dos dois outros principais candidatos na disputa presidencial remontam quase à indigência. Heloísa Helena e Cristovam Buarque (PDT) têm esquemas de campanha que traduzem a quase absoluta falta de dinheiro e o completo improviso.

brasil_candidatos_05.jpgNão por acaso, ambos foram flagrados na semana passada na mesma ilegalidade: estavam aproveitando a estrutura dos seus gabinetes de senador na campanha. Denunciados, saíram correndo em busca de um espaço próprio para as suas candidaturas. Heloísa Helena cogita aceitar a oferta da deputada do Distrito Federal Maria José Maninha para usar duas salas que ela conseguiu em um prédio comercial. Já Cristovam afastou as cadeiras do auditório da sede do PDT, um pequeno prédio que fica atrás do Congresso, improvisou ali umas divisórias e criou seu comitê de campanha.