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PRECISÃO Chen e o novo “investigador” digital da polícia americana

"Muçulmanos do mundo inteiro, uni-vos na Frente Midiática Islâmica Mundial. Formai as brigadas da guerra santa midiática para quebrar o controle sionista dos meios de comunicação e aterrorizar o inimigo”, diz “Saladino II”, nome de “guerra" (no caso, de guerra mesmo) do autor do texto publicado na internet. A declaração lunática e belicosa é a prova que a polícia federal americana, o FBI, está usando para afirmar que a internet se tornou uma potente ferramenta de terroristas na difusão e doutrinação de seus princípios. Trata- se, segundo o FBI, da Universidade Al-Qaeda, capaz de recrutar e treinar à distância pessoas que queiram ingressar no movimento radical islâmico. Para caçar esses formandos, pesquisadores do Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade do Arizona desenvolveram um programa de computador chamado Dark Web, capaz de rastrear milhões de sites por hora em busca de aproximadamente 480 expressões usadas como senhas pelos terroristas-professores dessa universidade virtual.

“Com o novo programa, podemos obter em um dia as informações que antes só conseguíamos em um mês”, diz Dale Watson, chefe da unidade contra o terrorismo do FBI. O software está ganhando os seus ajustes finais na Universidade do Arizona. “Montamos um banco de dados com características lingüísticas e visuais do Jihad (movimento islâmico) para que o computador encontre a pista certa”, diz Hsinchun Chen, diretor do programa Dark Web. O seu programa analisa, por exemplo, o estilo de escrita, códigos e saudações usados pela Al-Qaeda, além de elementos técnicos da codificação do endereço do site que está na mira dos policiais. Também identificará com facilidade palavras-chave como mujahid (aquele que segue o islamismo), mensagens e vídeos suspeitos e, em seguida, a origem do computador que as enviou. Segundo Chen, “os terroristas são perfeccionistas, mas deixam rastros sutis que passam despercebidos aos olhos humanos” – mas não ao programa que ele criou. Como cada computador utiliza um código chamado IP (Internet Protocol) para se conectar à rede mundial, será possível ao FBI investigar a localização geográfica dos alunos do terror.

Seis anos após o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, a Frente Midiática Islâmica Mundial é perseguida e encontrou na internet uma espécie de novo “quartel-general” para desenvolver. O grupo funciona como uma vitrine da comunidade virtual, criada sob a sombra da Al-Qaeda. Os professores do terror recrutam os soldados através de e-mails ou em salas de batepapo. “Nosso grupo não pertence a ninguém, pertence a todos os muçulmanos. Não tem limites geográficos. Todos os especialistas das novas tecnologias da informação são chamados a se unir a nós.” Esse é o trecho de uma das aulas que o FBI já rastreou. O professor é o terrorista Ahmed Al Watheq Billah.