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Para desmentir a máxima segundo a qual à noite todos os gatos são pardos, durante dois meses pelo menos 25 esfuziantes felinos brilharão como nunca na milionária montagem de Cats, em cartaz a partir da quarta-feira 9 no Credicard Hall, em São Paulo, e a partir do dia 30 no Claro Hall, no Rio de Janeiro. Serão 160 apresentações para um público estimado em 50 mil pessoas. Trata-se da mesma produção que esteve em cartaz na Broadway de Nova York por 19 anos, com o elenco cantando em inglês e as poucas falas devidamente legendadas nos dois lados do palco. O espetáculo é um dos maiores sucessos do inglês Andrew Lloyd Webber, o mesmo de O fantasma da ópera, Evita e Jesus Cristo Superstar, e estreou em Londres em 1981.

Sua fonte são os 14 poemas de Old Possum‘s book of practical cats, livro escrito e ilustrado pelo inglês T. S. Eliot, um clássico que atingiu gerações de leitores, a começar pelo próprio Webber. A equipe que vem ao Brasil, dirigida por Philip Peterson, é composta por 70 pessoas, entre artistas e técnicos, que deverão se juntar a outros 50 auxiliares daqui, contratados para cuidar dos camarins, perucaria, copa e lavanderia.

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À frente do elenco está a atriz e cantora Angie Smith, que encarna Grizabella, “a gata glamourosa”, um dos personagens fundamentais do musical. “A idéia é levar para as pessoas que não assistiram ao show na Broadway toda a sensação e a grandiosidade do Cats original”, garante Angie, que falou a ISTOÉ por telefone de Montreal, Canadá, onde a atual montagem se encontrava em cartaz. Aos 23 anos, a americana de Memphis, Tennessee, carrega a responsabilidade de assumir um papel escrito originalmente para Elaine Page, a Evita de Webber, imortalizada como Grizabella tanto no CD do elenco original como no filme de 1998, dirigido por David Mallet, disponível em DVD. Mas apesar da pouca idade, Angie já é veterana. Criada em Nova York, a garota canta e dança desde os seis anos. Assumiu Grizabella imediatamente após a última apresentação de Positivamente Millie, musical inspirado no filme dos anos 1960 que tinha Julie Andrews como Millie e Mary Tyler Moore no papel de Miss Brown.

Angie excursionou pelos Estados Unidos durante todo o ano passado e o primeiro semestre deste ano fazendo os dois papéis. Ainda assim, ela garante que ser gata é mais complicado. “Somos em 25 no elenco e viajamos com 16 substitutos que ficam a postos na eventualidade de alguém se machucar, o que não é difícil”, diz Angie. Para não se confundir na marcação das cenas, a produção viaja com palco ajustável, que se adapta a qualquer teatro e, assim, garante que as distâncias sejam sempre as mesmas. O rigor com a maquiagem é o mesmo. Leva-se cerca de uma hora para que cada ator ganhe pêlos e bigodes felinos. Mas, na prática, a logística exige que os preparativos se iniciem duas horas antes de as cortinas serem abertas. Angie garante que as feições animais não dificultam em nada a interpretação e não atrapalha para dançar nem cantar. O único problema são as roupas, quentes, é claro. Mas ela não reclama. “Cats é único, pois não é todo dia que você vê gente acreditando em gatos cantores, como acontece com nosso público.”

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O espetáculo não tem uma história definida. É situado na noite em que ocorre o baile anual dos Jellicle Cats, um grupo de gatos que em nada fica a dever às gangues de Amor sublime amor ou Grease – nos tempos da brilhantina. Liderados pelo sábio Old Deuteronomy (Philip Peterson), os ágeis felinos sentem-se mal com a aparição de Grizabella, uma antiga Jellicle Cat que volta para sua turma depois de rodar o mundo. É dela a canção mais notável do espetáculo, Memory. A música ganhou mais de 600 regravações, de nomes como Barbra Streisand, Barry Manilow, Johnny Mathis e Liberace, tornando-se tão célebre quanto Feelings, Yesterday e Garota de Ipanema. Número compatível com um espetáculo que já foi visto por 300 cidades de 26 países com o elenco miando em pelo menos dez línguas diferentes.


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