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ACUADO
Professores estaduais em greve protestam contra Serra em São Paulo,
que teve carro atingido por um ovo

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Às vésperas do lançamento oficial de sua candidatura à Presidência – admitida, pela primeira vez, em entrevista na TV Bandeirantes, na sexta-feira 19 –, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), teve de enfrentar um dissabor desnecessário. Na quarta-feira 17, contrariando os conselhos de seus assessores próximos, Serra resolveu inaugurar uma escola técnica em Francisco Morato, na Grande São Paulo, onde professores em greve desde o dia 5 o aguardavam. Acabou caindo numa arapuca montada pela Apeoesp, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, entidade com tradicional ligação com o PT. Para irritação de seu staff de campanha, houve um inevitável enfrentamento com um grupo de 50 sindicalistas. Os manifestantes chegaram a atirar um ovo contra o carro do tucano. “Serra, a culpa é sua. Professor está na rua” gritavam os professores. A greve da categoria dura 15 dias sem, no entanto, conseguir mais de 1% de adesão, mesmo com a bandeira de reajuste salarial de 34,3%. Para piorar, durante a caminhada pela escola, Serra foi provocado, em tom de deboche, por um grupo de jovens que gritaram: “Brasil, urgente, Dilma presidente”. “Foi mais do que uma armadilha. Foi a preparação de um cenário para a fotografia com objetivos eleitoreiros”, disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

O fato de Serra aceitar ir a um evento dominado por seus adversários da Apeoesp provocou reação entre os tucanos paulistas e fez com que sua equipe alterasse a agenda do dia seguinte. Em vez de inaugurar o Complexo Viário do Jaraguá, na zona norte da cidade, onde manifestantes também o esperavam com cartazes e faixas de protesto, o governador resolveu sobrevoar, na quinta-feira 18, as obras do Rodoanel e da Nova Marginal. Embora Serra tenha cancelado a presença ao evento no Jaraguá em cima da hora, a decisão foi considerada mais sensata pelos aliados do governador, que não poupou críticas aos protestos dos professores. “Esse pessoal não tem movimento de greve. Só tem marketing para a imprensa noticiar. Esse protesto é mais um deles”, disse. Agora, a ordem no Palácio dos Bandeirantes é fazer uma espécie de reconhecimento de terreno nos locais de eventos e inaugurações para evitar embates que possam trazer desgaste. “O Serra precisa ouvir mais quem está ao seu lado”, diz um tucano paulista.

Além do episódio envolvendo a Apeoesp, outra fonte de preocupação para os tucanos foi a confirmação do crescimento de Dilma Rousseff na pesquisa CNI/Ibope divulgada durante a semana. Segundo a consulta de opinião, a diferença entre Serra e a candidata do PT caiu para cinco pontos percentuais. Serra aparece com 35% das intenções de voto contra 30% de Dilma. O resultado acendeu o sinal de alerta no comando da campanha do governador paulista. Na tarde da quinta-feira 18, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), anunciou que, finalmente, a candidatura de Serra à Presidência será lançada em 10 de abril. “Quando o Serra sair do governo, vem a Semana Santa. Quando terminar a Semana Santa, ele será candidato. O anúncio será em Brasília”, disse Guerra.

Para dar mais visibilidade ao evento, os responsáveis pela organização da festa procuram um local com capacidade para pelo menos mil pessoas. “Tem que ser um lugar espaçoso, que gere uma imagem positiva. Essa imagem será como ouro para nós”, disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Enquanto alguns apoiadores do tucano estão roendo as unhas de ansiedade, o candidato do PSDB ao Planalto é um poço de tranquilidade. “Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”, disse Serra, durante a semana, citando uma canção de Walter Franco. “O Serra é experiente e tem uma vivência política como poucos. Enxergo essa tranquilidade como real. Agora temos que trabalhar”, conclamou o deputado ACM Neto (DEM-BA).

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DECOLAGEM
Governador paulista anuncia candidatura no dia 10