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A jovem entra no salão Jean Yves, em Ipanema, zona sul do Rio, e diz: “Quero o cabelo da Leona.” Assim, direto ao ponto, sem maiores delongas.
A cena se repete pelo menos dez vezes por semana só neste cabeleireiro. País afora, outros profissionais do ramo têm ouvido a mesma reivindicação de mulheres ansiosas, todas ávidas em se transformar na loiríssima Leona, a personagem da atriz na tevê. Virou febre. A responsável pela transformação capilar da atriz, a tinturista Branca Di Lorenzo, do Jean Yves, avisa no entanto que nem todas podem conseguir esse visual de diva de Hitchcock, o genial cineasta. Branca não revela o segredo para descolorir os cabelos e ainda assim mantê-los com brilho, mas avisa: “Quem tem cabelo pintado não dá, vai ficar alaranjado. Para obter esse resultado, os fios têm de estar na cor natural.” Carolina está satisfeita por sua personagem estar sendo clonada – apesar de ela só fazer maldades. “Fico feliz por as pessoas terem gostado. Essa cor, acima de tudo, dá glamour à mulher”, diz a atriz.

É mais um fenômeno de massificação produzido pelas novelas globais. De acordo com a consultora de moda Sílvia de Souza, da Fashion, “a telespectadora entra no estilo e no imaginário da personagem ao mesmo tempo.” A figurinista Beth Fillipeck, responsável pelo visual de Carolina Dieckmann, ressalta a força da tevê na influência da moda brasileira. “Ela imprime o estilo diariamente, certifica a tendência”, diz. E a telespectadora não resiste. No início da trama, as roupas são confeccionadas na emissora exclusivamente para a personagem. “Depois, passamos a receber material de grifes do Brasil todo”, explica. Diretora de estilo e sócia da marca Folic, Valéria Gisler Trotta cede roupas para novelas e telejornais da emissora há anos. “O retorno é extremamente vantajoso. As clientes ficam envaidecidas de ver que a roupa que elas podem ter aparece na tevê”, conta.

Há modismos lançados em novelas que nada têm a ver com as tendências de mercado. Por exemplo, os acessórios de prata usados pelo personagem Foguinho (Lázaro Ramos), na televisão. “Ele é um personagem absolutamente irreal, mas ainda assim as peças que usa são muito procuradas na central de atendimento ao telespectador da Globo”, conta Beth. Na maioria dos casos, as figurinistas passam meses pesquisando o que será usado nas próximas estações e antecipam o estilo no folhetim. E há também objetos ou produtos que, inexplicavelmente, caem no gosto popular e acabam sendo licenciados pela própria emissora, caso, por exemplo, da mala carregada pelos participantes eliminados do Big Brother. Há gosto para todo tipo de telespectador.