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O Brasil já tem a sua versão do célebre Caminho de Santiago de Compostela na Espanha. Um novo roteiro de peregrinação, envolto por lendas religiosas, une-se à oferta de aventuras em meio às trilhas na Mata Atlântica, entre pastagens, plantações, bosques e a nascente do rio Paranapanema. São 200 quilômetros dentro do Estado de São Paulo, que liga Capão Bonito a Iguape, no litoral. O percurso, batizado de Caminho de São Tomé, foi inaugurado por uma comitiva de 30 pessoas. É feito, na média, em cinco dias. Há uma lenda recorrente de que São Tomé, o apóstolo que duvidou da ressurreição de Jesus Cristo – vem daí o bordão “ver para crer” – teria andado pela região para catequizar os índios e se tornado um dos primeiros “homens brancos” a chegar nas Américas. Em vez de participar de missões na Europa e no Oriente, ele teria optado por desbravar novos mundos. A presença de São Tomé na região vem de relatos escritos por jesuítas portugueses que chegaram entre 1502 e 1506. Os religiosos encontraram os índios guaranis com idéias monoteístas e noções de catolicismo. Os ensinamentos eram atribuídos pelos guaranis a um tal de Pai Sumé, descrito por eles como um homem alto de barbas brancas e roupas de linho e cinto de couro. Seria, segundo jesuítas, o apóstolo Tomé.

Outros atrativos do caminho dizem mais sobre a história do Brasil. O roteiro passa pela Serra da Macaca, no Vale do Ribeira, onde durante a ditadura o revolucionário Capitão Lamarca escapou de um cerco de milhares de militares. Abriga também cavernas que serviram de esconderijos para combatentes paulistas na revolução de 32. Segundo o secretário de Turismo de Capão Bonito, Gilson Kurtz, a idéia é utilizar a trilha para incrementar o turismo na região, que não foi incentivado, em parte, pela idéia de preservar a Mata Atlântica. Para se tornar um peregrino oficial, basta comprar um passaporte no Museu de Arte Sacra de Capão Bonito. Custa R$ 5. Como as pousadas da região são baratas, não se gasta mais do que R$ 100 com hospedagem e alimentação em todo o trajeto. Quem tiver mais pressa, pode ir de jipe ou a cavalo. O resto é reunir fôlego. E andar com fé.

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