brasil_teve_01.jpg

 

Prepare-se, para não se confundir. Vermelho por natureza, o novo marketing que o presidente Lula vai apresentar no horário eleitoral pela televisão, a partir da terça-feira 15, será agora azul, verde-e-amarelo. Ficarão de fora não apenas a tradicional cor de sangue, mas também os estandartes com a estrela do partido, as imagens dos velhos militantes e os comícios repletos de palavras radicais. Tudo será suave. “O programa terá as cores patrióticas da bandeira brasileira”, adianta o presidente do PT, Ricardo Berzoini.

No primeiro dia de horário eleitoral, Lula será o penúltimo dos oito candidatos a entrar no ar. Nos pouco mais de sete minutos em que o presidente terá à sua disposição, ninguém vai mandar ninguém botar “a estrela no peito, sem medo e sem pudor”, como ordenava o jingle da campanha presidencial de Lula em 2002. Agora, será vista uma sucessão de obras feitas pelo governo federal, encontros do presidente com estadistas e cenas dele entre o povo beneficiado pelos programas assistenciais. Do seu próprio partido, dono em última instância do horário na televisão, nada. Lula teme o karma dos escândalos patrocinados pelos antigos chefões petistas.

brasil_teve_02.jpg

 

O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, o terceiro a entrar no primeiro dia, também virá totalmente vestido de azul e amarelo. O eleitor terá de ficar atento não apenas pela semelhança de cores – o azul e o amarelo de fato pertencem à bandeira tucana –, mas também porque Alckmin irá desfilar uma série de obras físicas feitas em seus tempos de governador de São Paulo. A vantagem, durante todo o horário político, estará a seu lado. Alckmin é dono de dez minutos e 13 segundos a cada dia. Ou seja, quase a metade do bloco político de 25 minutos – divididos entre os períodos da tarde e da noite. O PSDB também terá mais inserções ao longo da programação, na forma de comerciais de 30 segundos: cinco por dia,
contra quatro do PT.
Para a equipe chefiada por Luiz Gonzáles, marqueteiro de Alckmin, essa vantagem de espaço é comemorada. Os publicitários consideram que os comerciais são mais eficientes como propaganda do que o programa político. “Por enquanto, o presidente ganhava a vantagem do seu grau de conhecimento”, avalia Alckmin. “Agora é a minha vez.”

As cores não são a única característica que assemelham Lula e Alckmin na batalha eletrônica. Os marqueteiros de ambos os candidatos tentam guardar a sete chaves o conteúdo dos programas. Santana chegou mesmo a esconder o endereço do estúdio usado por Lula. Não conseguiu. Ele fica em Brasília, no nobre endereço do Lago Sul. Trata-se da Produtora Mais TV. É uma escolha de risco, que pode ser explorada politicamente. A produtora foi uma subcontratada da SMP&B, agência que teve o publicitário Marcos Valério como sócio, em serviços para o Ministério dos Esportes. Na semana passada, o presidente gravou ali quatro trechos para o horário eleitoral. Intensificará esse trabalho esta semana. Alckmin grava em São Paulo. A produção de seu programa está por conta de um consórcio de agências e produtoras de vídeo, reunidas numa empresa chamada Campanhas 2006. O jornalista Gonzáles é o líder. Até a quinta-feira 3, o candidato tucano ainda não tinha começado a gravar seus programas. “Estamos atrasados”, reconhece um dos integrantes da produção.

brasil_teve_03.jpg

 

Na terça-feira 15, a primeira estrela do horário político será a senadora Heloísa Helena, do PSOL. Ela foi sorteada para abrir o programa eleitoral. No segundo dia, a primeira a surgir será a até aqui desconhecida Ana Maria Rangel, do PRP. Os custos dos programas são díspares. O PT gastará R$ 8 milhões para suas produções. Os tucanos estimam as suas em R$ 10 milhões. Heloísa fechou um contrato de R$ 300 mil com a agência Espalhafato, de Brasília, que já fez trabalhos para o PSOL. Correu entre os parlamentares do partido uma vaquinha, na qual cada um deu R$ 15 mil para acertar com a agência. “Vai ser uma câmara parada e eu falando”, explica a senadora. O candidato do PDT, Cristovam Buarque, escolheu o estúdio Fabrika, em Brasília. Sua maior aposta é na computação gráfica. “Nossos efeitos especiais irão surpreender”, diz o coordenador Rubem Fonseca. Em tudo isso, é ver para crer – e depois votar.