“…transformam o País inteiro num puteiro porque assim se ganha
mais dinheiro. Sua piscina está cheia de ratos, suas idéias
não correspondem aos fatos, o tempo não pára…”
Cazuza

A indignação está em todo o lugar: como o Brasil chegou até aqui? Para espanto geral, a corrupção espalha-se em muitos flancos e com tal intensidade que fica difícil encontrar na alta direção do País áreas não contaminadas. Sempre se falou de corrupção por estas bandas, de governos e setores públicos com marcas de desvio aqui e ali. Mas jamais se assistiu a uma degradação ética como a vivida nos últimos anos. Apenas no Estado de Rondônia, até desembargador, presidente do Tribunal de Justiça, a mais alta autoridade judicial, que aplica a lei na região, foi pego como participante de esquema fraudulento. Como protestar contra os PCCs da vida?

No recente escândalo dos sanguessugas, a CPI encaminhou pedidos de cassação contra 72 parlamentares do Congresso – políticos contra os quais existem provas cabais, do tipo “batom na cueca”. Membros do governo Lula e outros tantos quadros de partidos diversos foram tidos como agentes do que se convencionou chamar de valerioduto, o desavergonhado tráfico de compra de votos com direito a mensalão pago aos aliados. O mais poderoso ministro do governo até então, José Dirceu, foi apontado pela Procuradoria Geral da República como chefe de quadrilha. Pipocaram tantos e tão lamentáveis episódios que despertam na sociedade um sentimento de apatia. Na raiz da frustração está a falta de punições severas. Mensaleiros saíram livres por determinação de seus companheiros de Congresso. Os sanguessugas – num descalabro de roubo, porque arrancam dinheiro do atendimento a brasileiros doentes – já sabem que só terão seus processos de cassação julgados após as eleições de outubro. Estão, portanto, todos habilitados a concorrer a eventuais novos mandatos. Que regras são essas que desconsideram a corrupção endêmica? O juiz aposentado Walter Maierovitch, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, diagnosticou: “Estamos vendo um país que apodrece.” Nas urnas, uma derradeira, portanto vital, oportunidade se apresenta para mudar o rumo de podridão moral do Estado. Desperdiçá-la, optando por votos nulos ou em branco, é dar as costas a alguma solução. Faça a sua parte.