Engenheiro de formação, o artista americano Alexander Calder (1898-1976), conhecido como Sandy, não precisava lançar mão de cálculos e equações para chegar ao preciso e gracioso equilíbrio de suas esculturas móveis ? os famosos móbiles. Bastava um alicate, que ele sempre carregava no bolso, para que placas de alumínio e amontoados de arame se tornassem levíssimos ramos sustentados por fios transparentes, aptos a pender do teto ao sabor do vento. É dessa forma que esse móbiles vão estar na mostra Calder no Brasil, em cartaz na Pinacoteca do Estado de São Paulo, a partir do sábado 26. Tudo é fascínio para os visitantes, fascínio que sempre acompanhou o trabalho desse artista. Na exposição, realizada em 1959 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, por exemplo, o encanto foi tanto que o cronista Rubem Braga se apaixonou por uma dessas esculturas, feita de pequenas placas negras, semelhantes a folhas. ?Ter um brinquedo assim é como ter dentro de casa uma árvore que gira sobre si mesma e cada vez parece mais bela. Uma árvore viva como um pássaro?, disse o escritor. Além de móbiles, a exposição com 50 obras reúne também peças fixas e sólidas (os chamados stabiles), esculturas, pinturas, desenhos, estudos e documentos sobre as três viagens que Calder fez ao Brasil ? sem contar os instrumentos de percussão (samba rattle) que ele criou inspirados nas matracas e chocalhos usados pelos sambistas brasileiros. Já na sua primeira viagem ao País, em 1948, incentivado pelo arquiteto Henrique Mindlin e pelo crítico de arte Mário Pedrosa, que conhecera nos EUA, Calder mostrou-se um grande passista. Além de fã do candomblé. Levado pelos amigos brasileiros a um terreiro, ele tirou uma mulata para dançar e foi flagrado por um paparazzo. A foto estampou a revista de fofocas Fon-Fon, causando alvoroço na época. Essas e outras histórias foram recuperadas pela curadora Roberta Saraiva Coutinho, chefe da divisão técnica do Museu Lasar Segall, em São Paulo, que as conta no livro Calder no Brasil (editora CosacNaif). O livro será lançado na mostra.