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Na região de Juiz de Fora, Minas Gerais, o escorpião amarelo, terceira espécie mais venenosa da América Latina, é uma praga. Por isso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou que três mil deles fossem capturados durante um ano para um fim, no mínimo, inusitado: virarem joias. Depois de desidratados, esses animais passam por um processo químico que tem a intenção de preservar o material. Mais tarde, são banhados em platina ou ouro 18 quilates e viram pingentes e brincos. Mas não são as únicas espécies da natureza transformadas em adornos. Sementes, folhagens e palhas também estão sendo utilizadas por empresas que descobriram o filão das biojoias e produzem peças com matéria orgânica e metais preciosos. O resultado são ítens sofisticados, com toques de brasilidade e custo reduzido, desenvolvidos por meio de trabalho artesanal aliado ao processo industrial. Bem distante do estilo bicho-grilo.

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A Amarjon, uma grife mineira, há sete meses fabrica suas peças de maneira curiosa. "Essa nossa técnica visa à estética, pois preserva a textura das folhas e dos escorpiões, e também ao custo reduzido, pois peças leves são mais em conta", diz Joaquim Barros, diretor de marketing da Amarjon. A desvantagem, no entanto, está na durabilidade do produto. Com garantia de um ano, é preciso cuidar da joia com esmero, evitando banho de mar, por exemplo. Só assim sua integridade e brilho serão mantidos por pelo menos seis anos.

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Rita Prossi, proprietária de uma marca de biojoias que leva seu nome em Manaus (AM), está há dez anos no mercado. A exemplo de boa parte dos produtores de ítens ecológicos, ela defende a preservação ambiental e a sustentabilidade das comunidades locais. Suas semijoias misturam prata, ouro e pedras preciosas com produtos naturais, como o caroço de tucumã – um fruto local – e o couro dos peixes tambaqui e surubi. Diferentemente da Amarjon, as matérias-primas não são banhadas em metais: o material orgânico é usado na composição da peça. "Buscamos couro nos frigoríficos, que o jogariam no lixo", diz Rita. Além disso, ela conta com o artesanato de aldeias indígenas como a Waimiri-Atroari. O sonho dourado de quem desenvolve biojoias é a exportação. A Amarjon tem um aliado a seu favor: suas peças não têm níquel, metal cuja entrada é proibida na Europa. A Rita Prossi, que exporta 20% de sua produção, começou a confeccionar peças em tamanhos maiores. Quer estrangeiros como vitrine para nossa beleza natural.