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Ele não se apresenta como “Imperador” nem ostenta o apelido “Love”. Mas poderia. Que o digam Gisele Bündchen e Pamela Anderson. Mas, “noblesse oblige”, o sorridente camarada da foto ao lado não sai por aí dizendo que “pegou” fulana ou beltrana. Mas poderia. Ele não joga no Flamengo, mas é campeão.

E daria trabalho extra para as costureiras, que teriam que bordar nove estrelas em sua camisa, tomando cuidado para deixar espaço para mais uma que ainda pode surgir. Robert Kelly Slater não só ganhou nove títulos mundiais de surfe como conseguiu a marca improvável de ter sido o mais novo e também o mais velho campeão mundial profissional do esporte que escolheu. Talvez seja mais justo dizer que foi escolhido. Seu dom para ler e se fundir com as ondas é daqueles que cruzam o fio que separa o talento e a competência extrema da genialidade. Aquilo que os americanos chamam de “gift”.

As fotos desta coluna foram clicadas há cerca de três ou quatro semanas, no North Shore da ilha havaiana de Oahu. O autor é um fotógrafo amador esforçado, que vem aprimorando sua técnica enquanto viaja pelo mundo atrás de matérias para seu programa de tevê. Nosso fotógrafo convidado, Luciano Huck, descobriu que Slater havia pedido para seu amigo brasileiro, o fotógrafo profissional Vavá Ribeiro, identificar pessoas e entidades brasileiras que pudessem ser ajudadas por ele, Slater.

Huck acabara de ver o interessante documentário “Rio Breaks”, que acompanha a vida de dois garotos da favela do Cantagalo, no Rio de Janeiro. Durante o filme, que mostra a forte presença do surfe na vida dos meninos como alternativa à tentação do status e do dinheiro oferecidos pelo tráfico, o sonho de surfar com Slater no Havaí é confessado pelos dois. Feita a ponte, imediatamente Slater se dispôs a receber Naamã, o mais novo da dupla. O outro garoto não foi encontrado. Pode ter se mudado…

Não se engane, Slater não passou dois dias abraçado, brincando e curtindo com Naamã por conta da exposição na tevê. Com a humildade tranquila que os que o conhecem tanto admiram e respeitam, queria só usar seu dom e sua posição para dar um presente a Naamã e mostrar à molecada que vale correr atrás das coisas em que se acredita de verdade. E isso incluiu vestir a camisa do clube do coração de Naamã e de alguns milhões de brasileiros. Quem viu Slater ensinando Naamã a surfar, na praia de Turtle Bay, imediatamente saiu repetindo o bordão da torcida do Flamengo: “É campeão!”.

Confira abaixo a entrevista com o jornalista Paulo Lima:

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Conheça a trajetória do jornalista Paulo Lima, criador da revista TRIP e novo colunista de IstoÉ

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Criador da TRIP, Paulo Lima faz uma análise da bem-sucedida trajetória da revista

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Jornalista Paulo Lima conta como surgiu a história do seu texto de estreia na revista IstoÉ