Duas preciosidades, uma do bom humor, outra da tristeza, de um homem que foi perfeito nas duas profi ssões que teve. A frase alegre dele como alfaiate ao ver seu ateliê cada vez mais vazio: “Os velhos, que gostavam de ternos, morreram e os jovens vão de jeans até em velório.” Agora, um dos versos tristes que, como profi ssional do samba, ele cantava (aliás, um dos versos mais literários da MPB): “Como posso não andar tristonho/se não a vejo nem em sonho/porque há tempo eu não tenho dormido”. Isso é um pouco, um mínimo mesmo, do que foi Walter Alfaiate, falecido aos 79 anos de falência múltipla dos órgãos, na madrugada do domingo 28, no Rio de Janeiro. De terno e gravata, vozeirão aberto e sorriso largo, ele integrava uma geração de compositores que ainda guarda a tradição da roda de bamba: mesmo famoso, onde havia botequim e samba lá estava Alfaiate de pandeiro na mão – quase sempre no bairro que habitava o seu coração, Botafogo, e quase sempre cercado dos amigos da Portela.