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ESCOLHIDO
Ao contrário do irmão, Cid tem apoio de todo o PT

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As diferenças políticas no Ceará costumavam ser resolvidas à bala ou na ponta do punhal dos jagunços. Hoje, porém, os tempos do coronelismo vão longe e os dias são de tranquilidade. Praticamente sem oposição, o governador Cid Gomes (PSB) caminha para ser reeleito em primeiro turno. Com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao mesmo tempo do senador Tasso Jereissati (PSDB), Cid abriu uma distância enorme nas pesquisas sobre o segundo colocado, o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PR), que não tem sequer 15% das intenções de voto. Para o líder do governo na Assembleia, Nelson Martins, do PT, o governador “colhe os frutos da grande quantidade de obras e realizações”. E isso tem facilitado bastante o trabalho de Martins, pois Cid tem o apoio de 45 dos 46 deputados. “A política no Ceará virou uma panelinha. Todas as forças tradicionais estão apoiando o governo”, afirma Valmir Lopes, professor de ciência política da Universidade Federal do Ceará. O PT, que foi o principal foco de oposição, negocia a indicação do vice na chapa encabeçada por Cid.

Houve a ameaça recente de lançar a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, ao Palácio Iracema, caso o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) insistisse em se candidatar à Presidência da República, mas ficou o dito pelo não dito. A própria Luizianne garantiu à ISTOÉ que pretende terminar seu segundo mandato na prefeitura. “O PT está mais do que unido para a reeleição de Cid”, disse a prefeita, que também é presidente do PT-CE. Jovem, com 40 anos, Luizianne teve o apoio de Cid na sua reeleição em 2008 e ambos têm mantido estreita parceria no Estado. Tanto assim que o PT, além da vice-governadoria, quer que Cid apoie o ministro da Previdência, José Pimentel (PT), para o Senado. Essa é a única grande batalha que o governador vai enfrentar, pois o presidente do PMDBCE, deputado federal Eunício Oliveira, não aceita tal acordo. Ele exige o apoio integral de Cid Gomes para sua candidatura ao Senado. “Ou vice de Cid ou a vaga ao Senado”, advertiu Oliveira. Há duas cadeiras para o Senado, mas Oliveira está preocupado porque Cid também dará apoio informal ao senador Jereissati, que aparece em primeiro nas pesquisas, com 55% dos votos.

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O PSDB reclama que obras importantes como a refinaria e a Transnordestina ainda não se tornaram realidade, mas Cid mantém dois secretários tucanos em seu governo. Há duas semanas, o governador disse, em entrevista, que Jereissatti é “o maior político cearense vivo”. Vale lembrar que Cid deu sequência ao projeto de modernização do Estado iniciado justamente por Jereissati, que governou o Ceará nos períodos 1987/1991 e 1995/2002. Graças aos novos investimentos, o Ceará substituiu a agricultura tradicional por polos industriais. O quadro eleitoral é tão tranquilo que Cid se dá ao luxo de não fazer pré-campanha. À ISTOÉ, o governador explicou que só falará sobre a sua reeleição quando o cenário nacional estiver resolvido. “O Ceará tem uma característica única nesse processo por ter um candidato à Presidência da República e por eu ser irmão desse candidato. Qualquer compromisso em nível estadual só será definido a partir da definição nacional”, disfarça Cid.