i66016.jpgDepois de quase um ano de disputas na Justiça americana, a atriz Sharon Stone perdeu a guarda de seu filho mais velho. Uma decisão judicial determinou que Roan, oito anos, adotado por Sharon e seu então marido Phil Bronstein em 2000, passasse a viver com o pai. Para o juiz do caso, pesou o fato de a rotina de Bronstein, que é jornalista, ser mais “estável e estruturada” que a de Sharon. Mas esses dramas não acontecem apenas no universo hollywoodiano. O fenômeno das mães que perdem a guarda dos filhos é cada vez mais comum. Dados de uma recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre 1997 e 2007, o percentual de mulheres que detêm a guarda dos filhos caiu de 92,2% para 90,2%. No mesmo período, a participação de famílias monoparentais masculinas cresceu 25,6%. Entre as celebridades, esses episódios ocorrem sob holofotes (leia abaixo).
Para os especialistas, embates públicos como esses podem ter efeito educativo. “Há uma década, quase todos os casos de disputa pela guarda terminavam com decisão favorável à mãe”, explica o advogado Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família. “Hoje, as mulheres ficam com os filhos em, no máximo, 80% das disputas”, diz. Pereira atribui essa mudança a uma série de fatores, sendo a independência feminina um dos mais decisivos. Essa nova condição trouxe liberdade, mas, com isso, elas passaram a ter obrigações semelhantes às que impediam os pais de terem a guarda. “Não existe mais a idéia de que a mãe é a pessoa ideal para o filho só por ser mulher. Hoje as decisões são mais pragmáticas”, diz.
De todo modo, esse pragmatismo da Justiça ainda não chegou à sociedade. “Se todos parecem dispostos a aceitar um pai que está muito ocupado para assumir a guarda de uma criança, quando uma mãe precisa fazer isso, ela é repreendida”, afirma Pereira. A imagem da mulher completa ainda está ligada à idéia da figura presente e zelosa. Talvez por isso casos como o de Sharon Stone chamem tanta atenção. “Questionar visões engessadas para beneficiar os filhos é muito positivo”, explica.

 

 

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