Transparência é um adjetivo conferido a pessoas, objetos e situações que definimos como confiáveis. O mercado se deu conta disso e as empresas começam a oferecer produtos em embalagens de plástico ou vidro nas quais é possível observar o interior. Mais: em uma parcela deles, o conteúdo também é incolor. A tendência começou tímida, nos anos 70, com as embalagens PET. Na década de 90, ganharam expressão com as garrafas de refrigerante. Nos últimos cinco anos, toda marca que deseja passar inovação e modernidade investe em embalagens e produtos cristal.

A diferença essencial, segundo especia listas, é que desta maneira transmitem a mensagem de credibilidade e pureza. “São novas soluções que colocam o consumidor em contato visual direto com o produto. Pode-se ver o que está dentro, a textura, a aparência. Ou até enxergar através dele”, diz Gisela Schulzinger, coordenadora do Comitê de Design da Associação Brasileira de Embalagem. Do ponto de vista psicológico, a possibilidade de visualização encanta também pela beleza e por vender a idéia de que não há barreiras entre o com prador e o que ele pretende adquirir. “Para o consumidor, a trans parência é uma qualidade a mais do produto”, diz Fabio Mestriner, coordenador do Núcleo de Estudos da Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Embalagem da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo. Os transparentes surpreendem o consumidor, acostumado ao excesso de informação visual existente nas prateleiras.

No Brasil, a tendência cristal faz-se presente, principalmente em cosméticos e itens de higiene, como perfumes, desodorantes, xampus, sabonetes líquidos e anti-sépticos bucais. O laboratório Sanofi-Aventis lançou no ano passado o Cepacol Cool Ice, um anti-séptico bucal numa embalagem que dá ao produto a idéia de ter saído da geladeira. Batizado de frasco frozen, sua composição confere também uma sensação mais refrescante (graças à tecnologia cooler, que prolonga o efeito de frescor) e leve do que os coloridos que predominam no mercado. Tanto a embalagem quanto a substância incolor foram pensadas pela empresa para melhorar a comunicação com o consumido – por não ter corante na fórmula, não interfere em tratamentos para clarear os dentes. Até os alimentos entraram na onda da transparência, como azeites e conservas que tradicionalmente vinham só em lata. Um exemplo é o milho em conserva da marca Olé, atualmente no mercado em embalagens de vidro. Segundo Mestriner, as vendas do produto aumentaram quatro vezes após ter chegado às prateleiras a versão que permite enxergar o alimento.

FOTO: MOA SITIBALDI

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