i65902.jpgQuando se concluir, na tarde do próximo domingo 5, o primeiro turno das eleições municipais, provavelmente os eleitores de dez a 16 capitais brasileiras já deverão conhecer os nomes dos prefeitos que governarão as suas cidades a partir de janeiro do ano que vem. As pesquisas apontam que nessas cidades é grande a chance de a eleição definir-se ainda no primeiro turno. As urnas de 5 de outubro deverão consagrar dois novos fenômenos eleitorais em seus Estados. Se as pesquisas estiverem certas, Cícero Almeida (PP), prefeito de Maceió, será o candidato proporcionalmente mais bem votado do Brasil. A última pesquisa do Ibope, publicada no dia 17 de setembro, aponta Cícero Almeida com nada menos que 81% das intenções de voto.

O segundo fenômeno é o prefeito de Curitiba, Beto Richa, do PSDB, que, de acordo com as pesquisas, deve chegar ao segundo mandato com cerca de 70% dos votos dos eleitores da capital paranaense.

O final do primeiro turno abrirá um panorama que realçará ainda mais a força do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Das 16 capitais que podem ter a eleição concluída no domingo, nada menos que 13 deverão eleger candidatos de partidos da base do governo. Em apenas três, os nomes favoritos são de partidos da oposição: além de Richa em Curitiba, Sílvio Mendes (PSDB), em Teresina, e João Castelo (PSDB), em São Luís.

As eleições consagrarão ainda o nome de políticos que saíram de uma situação de total desconhecimento para uma provável vitória consagradora. O caso mais visível é o de Márcio Lacerda (PSB). Secretário de Desenvolvimento Econômico de Aécio Neves, em Minas Gerais, Lacerda é o resultado de uma aliança entre o governador e o atual prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, do PT. Muito bem avaliados, os dois construíram a base que pôde alavancar Lacerda. Na sua cavalgada, Lacerda atropelou a candidata do PCdoB, Jô Moraes, que recebia uma ajuda velada dos ministros petistas Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social, e Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, contrariados com a aliança de Pimentel com Aécio. Se houver segundo turno em Belo Horizonte, é possível que o adversário de Lacerda nem seja Jô Moraes, mas Leonardo Quintão (PMDB).

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O segundo caso é João da Costa (PT), no Recife. Nome de confiança do prefeito petista João Paulo, de quem era secretário de Planejamento Participativo, somou também o apoio do bem avaliado governador Eduardo Campos (PSB). Costa tem boas chances de vencer no primeiro turno. A sua sorte, no entanto, pode acabar virando nos tribunais. Na terça-feira 23, o juiz Nilson Nery acatou uma denúncia contra ele por abuso de poder político e econômico e uso da máquina pública, impugnando a sua candidatura. Costa recorreu da decisão. Mas a decisão final do TRE só ocorrerá depois da eleição. Costa, assim, pode ganhar e acabar não se tornando prefeito. Há algumas situações de favoritismo que podem se definir na reta final. Caso de Luizianne Lins, em Fortaleza. As últimas pesquisas apontam um crescimento dela e uma queda dos seus dois principais adversários, Moroni Torgan (DEM) e Patrícia Saboya (PDT), que pode provocar uma definição da eleição ainda no primeiro turno.

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O resultado das urnas também reservará surpresas para o segundo turno. Alguns nomes que terminarão o primeiro turno na liderança poderão ver a situação revertida na segunda volta, pela união dos eleitores dos seus adversários na disputa. Em São Paulo, os líderes do PSDB e do DEM arrancam os cabelos com a estratégia adotada por Geraldo Alckmin (PSDB) de atacar o prefeito Gilberto Kassab (DEM) na reta final. Os dois hoje estão empatados nas pesquisas. Se continuarem brigando, podem contaminar a possibilidade de uma aliança para derrotar Marta Suplicy (PT) no segundo turno. Em proporção menor, o mesmo pode acontecer em Porto Alegre. Manuela D’Ávila, do PCdoB, abriu vantagem nos últimos dias, mas Maria do Rosário, do PT, ainda tem chances de ir ao segundo turno. Unidos, os eleitores das duas candidatas podem derrotar o primeiro colocado, o prefeito José Fogaça (PMDB).

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A terceira possibilidade é na eleição mais disputada do País, em Salvador. ACM Neto (DEM) parece ter vaga garantida no segundo turno. Só não se sabe com quem. Seu adversário pode ser tanto o prefeito João Henrique (PMDB) quanto Walter Pinheiro (PT). Todos, porém, têm uma característica em comum: estarão contra o candidato do DEM, qualquer que seja o resultado.

Há disputas ferrenhas que tornam alguns resultados imprevisíveis. Se em São Paulo é impossível saber se será Kassab ou Alckmin quem disputará com Marta Suplicy, no Rio a dúvida é sobre quem chegará em primeiro: Eduardo Paes (PMDB) ou Marcelo Crivella (PRB).

E haverá, finalmente, o grupo daqueles que giraram, giraram e não saíram do lugar. Caso de Fernando Gabeira (PV) no Rio e de Paulo Maluf (PP) em São Paulo. Para este último, é praticamente o fim de sua carreira política.


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